Como
contar ao mundo algo que não aconteceu? Mas como não aconteceu se foi tudo tão
real para nós dois? Ter um amor não vivido é deixá-lo sempre dentro do coração
e, de uma certa maneira, desistir antes mesmo dele ser amor.
Quantas vezes não encontramos uma
pessoa e vemos nela qualidades que ela mesma não acredita possuir? E não tem
como colocar um espelho na alma e fazer com que essa pessoa enxergue o quão bonita
ela é, pois as máscaras e as cicatrizes que ela impôs em si já não permitem qualquer
tipo de reflexo. E, dessa maneira, ela cria uma barreira indestrutível entre
você e ela. Lutar contra essa barreira cansa, desgasta, fere e ela não sai do
lugar.
Eu quis viver esse amor. Imaginei
nós dois vencendo nossos medos, nossos traumas, nossas antigas angustias.
Imaginei você me amparando e eu te segurando. Imaginei que pudéssemos nos
cuidar, nos amar, criar uma cumplicidade e um companheirismo em um mundo só
nosso. Acreditei que a Dorothy conseguiria dar coragem ao leão, coração ao
homem de lata e cérebro ao espantalho.
Eu construí um mundo de Oz tão
bonito para nós, mas você não quis habita-lo. Você me sabotou em todas as
investidas e, como uma guerreira, eu lutei, lutei contra a dor, contra a
rejeição, contra a sua autopiedade, mas não poderia lutar contra você dentro de
você. Já era uma luta perdida e eu, como boa guerreira, não consegui enxergar.
Preferi morrer por dentro e tentar te salvar. Foi uma batalha em vão.
Saber a hora de recuar também faz
parte das estratégias de um bom guerreiro. Eu quis muito viver esse amor, eu
quis muito te amparar em meu peito, te ninar para dormir, contar histórias ao
anoitecer e acorda-lo com beijos de bom-dia. Mas antes de cuidar, eu percebi
que também preciso de cuidados. Antes de amar, eu percebi que também preciso
ser amada. Eu não posso ser a mãe de alguém que nem mesmo é órfão. Eu não posso
me doar, doar, doar e não ter de volta nada para substituir toda essa energia
desprendida. Dar sem receber não é amor, é apenas caridade.
Eu me preocupei tanto em te
conquistar, em te dar segurança, em te dar minha admiração que não percebi que
em nenhum momento você se preocupava em me conquistar, em nenhum momento você
tentou me admirar, em nenhum momento você tentou me dar a segurança necessária
para acreditar nos seus sentimentos. Eu percebi, enfim, que acreditei em nós
sozinha.
Te deixar partir vai ser mais uma
dor. Mas quando eu arrisquei, no fundo eu sabia que teria um prazo de validade curto,
eu sabia que você era perecível demais. Só quero que você saiba que eu tentei,
eu quis, eu lutei e que poderia ter sido tanta coisa. Poderia ter sido amor,
poderia ter sido cumplicidade, poderia ter sido afeto, mas você escolheu ser
saudade. Uma pena...
Fotos retiradas do Google / Vídeo do Youtube