quarta-feira, 27 de outubro de 2010

NOSSA VELHA INFÂNCIA

Vocês já perceberam que existem momentos, situações, cheiros, objetos e pessoas que nos remetem a nossa infância. É aquele momento onde bate uma nostalgia e conseguimos sentir até mesmo o gosto daquele tempo... É um gosto de chuva no campo, aroma de comida no fogão à lenha com uma sensação dos pés tocando a areia molhada. Um despertar de emoções que não dá pra explicar.
Isso acontece quando encontramos aquela amiga de colégio, aquela a quem contávamos nossos mais íntimos segredos e dividíamos inúmeras descobertas. O tempo passou, ela já pode estar casada, com mestrado, doutorado, você trabalhando, com filhos. Mas, no momento em que se encontram, é como se o tempo nunca tivesse passado. A intimidade, os assuntos, os risos, as brincadeiras e piadas são as mesmas. Vem a sensação de que estamos novamente em casa.
Ou quando cruzamos com aquela paquera... O suor nas mãos, o frio na barriga, a risadinha sem graça e as bochechas vermelhas voltam como se nunca tivéssemos deixado de amar aquele rapaz, mesmo quando na verdade já amamos alguns outros e até mesmo constituímos outras histórias. Naquele momento não importa, ele volta a ser o ponto central de sua existência. E é impressionante como que mesmo com os quilos a mais, um pouco careca ou com óculos, talvez, ele não mudou nada... Aos seus olhos, vocês são os mesmos adolescentes e tudo o que ele lhe diz faz o maior sentido. Você consegue se lembrar até mesmo do sabor dos beijos dele, não é mesmo? Lábios quentes, aquele mesmo perfume, abraço apertado. Bate novamente aquele calafrio na espinha. E pronto. Você se dá conta de que um primeiro amor realmente a gente nunca esquece.
E quando encontramos uma comida, um doce, ou um objeto que nos transporta para uma situação específica, um momento marcante na vida que havia ficado pra trás? É como se tivéssemos nos traído durante todo esse tempo, nos escondendo daquilo que sempre esteve ali conosco. É uma sensação de vazio e vontade de começar tudo outra vez. É o ponto exato em que o choro se transforma em sorriso e vice-versa.
Situações como essas e muitas outras retornam a nossas vidas inúmeras vezes, em inúmeras épocas, para nos mostrar e nos lembrar do quão gostoso é viver a vida. Para nos lembrar que pessoas, coisas, situações nos deixam marcas, fazem a nossa história e nos constroem. O que seria de mim agora sem minhas lembranças? Sem meus choros, incertezas, realizações e algumas descobertas? Eu não teria palavras para os meus textos e nem emoções para compartilhar. Porque nostalgia, saudade e história fazem muito bem pro coração. Fazem muito bem pra alma!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

POR QUE VOCÊ PREFERE PAIXÕES FUGAZES AO MEU AMOR VERDADEIRO?

Encontrar o amor é hoje uma tarefa quase impossível. Já não sei mais onde posso esconder minha sensibilidade, minha vontade de compartilhar, meu desejo de encontrar. Porque a reciprocidade masculina está cada vez mais escassa.
Dizem que tem a ver com a teoria da demanda e da procura. Há muita demanda, muita mulher disponível e que não exige nem mesmo o bom dia para iniciar uma relação. São elas que se aproximam, jogam o charme, ganham na sedução e levam os mocinhos para casa. Eles não precisam fazer nada, absolutamente nada, apenas desfrutar de suas artimanhas e malícias sexuais, elas já vêem prontas, não precisa nem esquentar.
E quando se tem a oferta sobrando, quando se está ganhando sem nem ao menos precisar jogar, pra que então tentar se aprofundar em alguém? Tentar dar qualidade a algo que eles já têm em tanta quantidade? Não é à toa que estamos sozinhas sempre... Sozinhas sim, aquelas que, como eu, ainda precisam ser cortejadas, se sentirem desejadas, precisam ser seduzidas e gostam de ter a certeza que haverá uma paquera, uma pequena aproximação, trocas de olhares e de palavras, antes da concretização, do enlaço.
Não quer dizer que somos santas e nem puras. Não é essa a questão. Gostamos apenas de sermos ouvidas, de nos apaixonar, de nos entregar e aprofundar. Queremos nos sentir especiais, jóias raras para aquele belo rapaz. E é ai que estamos ficando para trás nesta grande fila. Não temos a coragem e a vontade de brincar nesta selva, perdemos o encanto no tratamento recebido pelos homens e aprendemos a ficar nas quinas, nos cantinhos apenas observando, esperando aparecer alguém que não esteja no meio de tanto circo.
Nós não somos mulheres “Pin Ups”, não fomos criadas para sermos apenas peitos, bundas e desejos sexuais. Nós queremos sexo, queremos fogo, queremos sedução, mas também queremos companhia, troca de segredos e companheirismo. Queremos ser “amantes calientes”, amigas, companheiras e conselheiras. Somos boas em paixão, mas também sabemos conversar e temos competência e inteligência para nos aprofundarmos. Queremos ser um casal e não um encontro casual.
Mas o que podemos fazer se vocês preferem paixões fugazes a amores verdadeiros? Qual será o destino de nós mulheres, hoje tão diferentes do senso comum? Onde vamos encontrar esta companhia? O pai para nossos filhos?
Eu não sei a resposta, mas posso dizer que estou me acostumando... Acostumando com minha mais solidária companheira, a solidão.

domingo, 12 de setembro de 2010

ESPÍRITO DE LIDERANÇA, VOCÊ TEM?

Virou moda nos currículos, nas entrevistas de emprego, nos anúncios se dizer que se tem espírito de liderança, busca-se alguém com espírito de liderança, mas o que vem a ser isso? O que de fato é ter um espírito de liderança? Porque o que vejo nas pessoas que lideram algumas empresas, que possuem um lugar de destaque, são seres soberbos, carregados de intolerância e brutalidade.
Vejo as pessoas se tornando os seus cargos, vivendo deles e para eles e fazendo disso o seu ideal. Até posso respeitar essa doença crônica de algumas pessoas que não vivem senão for para trabalhar, mas desde que respeitem meu direito de viver do meu prazer, dos meus amigos, do meu tempo livre. Porque o que venho percebendo é uma indignação quando não se quer morrer pelo seu emprego, como se trabalhar as 8 horas pelas quais sou paga fosse um grande absurdo. Preciso informar a todos que estão nesta posição que não estou à venda no mercado de escravos. Ninguém me comprou e por isso não interessa a ninguém o que eu faço da minha vida quando não estou trabalhando, se eu poderia ou não ficar sempre até mais tarde e etc. Independente da posição que ocupamos, ela não pode ser medida pelo tempo a mais que você se dispõe. Somos pagos pela carga horária de 8 horas e elas devem ser cumpridas e respeitadas.
As pessoas não são avaliadas mais pela sua capacidade e desenvoltura em uma determinada posição, mas se sabem superar o outro colega a todo o tempo, se faz a função de mais três pessoas e se consegue se impor com o grito, a brutalidade e a grosseria. O egoísmo se tornou algo tão grandioso nos tempos de hoje que um chefe não quer saber mais se seus empregados e companheiros de trabalho têm suas coisas particulares para resolver, não querem participar de uma conversa amena em um intervalo, tem que ser tudo resolvido no momento solicitado, aos berros, pra ontem. A vontade e os caprichos devem ser atendidos no momento que forem solicitados, porque, afinal, no seu lugar tem uma fila de gente querendo entrar e você precisa mesmo é ser agradecido por estar ali, naquela posição tão privilegiada.
Pessoas gritam com as outras e encaram como se fossem pais de antigamente educando seus filhos e temos mesmo que aceitar só porque são nossos chefes? Temos que nos sentir agradecidos e lisonjeados por sermos explorados e tratados a todo tempo como objetos?
Se for mesmo para ser assim, eu não sei o que será da minha vida profissional daqui pra frente, não sei como vou sobreviver a este mundo porque, definitivamente, eu não nasci para aceitar esse tipo de tratamento e muito menos para executá-lo. Se domar a vida dos outros, usurpar a sua energia for possuir o tão falado espírito de liderança, abro mão dessa qualidade pra quem quiser.
É preciso aprender a respeitar o outro pelo o que ele é, respeitar seu espaço, respeitar a sua vida. O valor de alguém está na qualidade do seu serviço, no talento e não na sua capacidade de se tornar o novo estilo de escravo sugerido pelos novos patrões. A vida é somente uma e o trabalho deve apenas ser um meio para se encontrar a sua felicidade, não um fim.
Pense nisso!!!

sábado, 21 de agosto de 2010

FUI CRIADA PARA SER UM HOMENZINHO E AGORA?

Desde que me entendo por gente escuto que preciso pensar no meu futuro, estudar, me dedicar, trabalhar, pensar sempre na minha independência porque somente nós podemos garantir a nossa felicidade. Nunca aprendi a cozinhar, limpar a casa, não fui apresentada aos garotos ricos e nem mesmo incentivada a casar. “Burra é a mulher que hoje em dia pensa em se casar e ter filhos. Você precisa é de uma profissão”, já dizia minha mãe.
Mas e quando os anos passam, você se forma, faz diversos cursos de línguas, se esforça, mas a independência nunca chega? E quando você ainda não se casou, é verdade, mas precisa dar satisfação dos seus passos ao seu pai, porque você ainda depende dele? O que fazer nesse momento? Em qual ponto então que você se perdeu?
Se você encontrar essa resposta, por favor, me informe também. Sinto-me cada vez mais perdida e angustiada porque na minha idade meus pais já eram casados, já eram adultos e já tinham, até mesmo, me gerado. Eu dei o melhor de mim e tentei seguir os seus conselhos. Na dificuldade de me decidir, escolhi minha profissão, estudei, batalhei estágios, fiz cursos, me dediquei, fui sempre aluna exemplar, aproveitei cada oportunidade que surgiu, mas e ai? Onde estou? Na mesma adolescência tardia de muitas pessoas da minha idade, na mesma dependência financeira de uma criança de 05 anos de idade, sem a menor perspectiva de mudar isso em curto prazo. É como se o tempo tivesse se petrificado e não houvesse outra solução.
Está difícil conseguir me encontrar, encontrar o emprego certo, algo que me dê total prazer em fazer e que me garanta o meu próprio sustento e isso me deprime e me desespera, porque já está enraizado em mim o desejo pela tão sonhada independência. Sou de gênio forte, brava, autoritária e decidida, mas como continuar a me impor quando não consigo ser dona de mim? Como não parecer apenas uma arrogante mimada quando se tenta prevalecer suas vontades, se na verdade não sou mesmo responsável pela minha vida?
Pode não ser doloroso para algumas pessoas, pode parecer normal esse processo enquanto não se casa e não se tem filhos, mas para mim tem sido muito difícil abrir mão, involuntariamente, de já ser alguém, de ter meu nome, meu reconhecimento, meu caminho trilhado. Desespera-me saber que ainda não faço a menor idéia de onde estarei daqui 05 ou 10 anos, de quem serei, do que farei. Não tenho mais esse tempo de escolhas, não posso mais errar. Escolhi não cuidar das crianças, não ser a dona de um lar, agora não tem mais volta, já está dentro de mim a vontade de vencer, a vontade de me libertar. Sinto a culpa doer a cada manhã que me vejo perdida, a cada conta que chega e não sou eu quem a pago. Posso até me casar um dia, ou não... posso ter filhos, ou não. Eu realmente não me importo. Mas será insuportável saber que não pude me garantir sozinha. Será desesperador saber que dependo de alguém. E então? O que fazer?

sábado, 7 de agosto de 2010

TE DESAFIO A ME AMAR

Num primeiro olhar eu posso ser grossa, estúpida, forte, prepotente. Posso parecer uma rocha inquebrável e inalcançável, Posso parecer que não preciso de você e de mais ninguém, que abraço minha solidão e a transformo em minha própria existência.
Não vou negar que isso às vezes é a minha verdade, não vou negar que aprendi a viver e sobreviver contando apenas comigo, com minha força, com meus sentimentos. Mas se você tiver a paciência de analisar, se tiver a curiosidade de desvendar o mistério, saberá que também posso ser amável, leal, amiga, carinhosa, sincera e protetora. Que após ser conquistada sou capaz de jurar amor eterno e cumprir minha palavra enquanto você assim também me amar.
Após uma certa convivência, você poderá perceber que minha bravura, grosseria e até estupidez não passam de um mal jeito que tenho de expressar minha sinceridade, é a aversão que tenho à mentira e à hipocrisia que causa esses pequenos efeitos colaterais.
Não tenho toda essa segurança que tento transparecer, não sou tão confiante de mim e me gabo de qualidades que não tenho pra te impressionar, apenas criei cascas para me proteger e vi que é mais valioso quando demonstram sentimentos por alguém que realmente conheçam. Meu amor, minha confiança, minha amizade são sentimentos raros e é preciso merecê-los para alcançá-los.
Tenho a personalidade forte que pode assustar, tenho um sexto-sentido bastante apurado que por vezes pode te repelir, sinto ciúmes que chegam a arrepiar minha nuca se penso que alguém pode vir a ocupar meu lugar, tenho uma facilidade em perder a paciência e gritar que não tentarei jamais negar, mas sei também como posso ser incrivelmente inesquecível, como ser solidária, caridosa e o colo mais confortável se você precisar. Posso ser todas as mulheres de uma só vez, de monotonia você nunca vai poder me acusar.
Mas para transformar tudo isso em realidade, para testar se realmente será assim, para entender quem realmente sou, você terá que ter a coragem de tentar, a escolha é só sua e dela dependerá quem amanhã seremos. E então? Eu te desafio a me amar...
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domingo, 18 de julho de 2010

QUANDO O GRITO DO SILÊNCIO SUFOCA MINHA ALMA

Existem certos sentimentos, certos momentos que, quando retornam a mim, trazem consigo uma dor inexplicável. Esses momentos podem ser revividos com um reencontro, com uma frase, um cheiro ou até mesmo em um simples instante de solidão e, tudo aquilo que um dia eu senti, se reacende.
Sei que aquilo que passou não volta mais, que não devemos nos prender ao que já foi vivido, mas não posso controlar o que vem de dentro de mim. Não posso me impedir de sentir aquilo que está lá no fundo, pulsando em mim. Dizer o que sinto, me abrir, já não adiantaria mais, porque o momento passou, as palavras não saem, as pessoas não são as mesmas.
Certos momentos devem ser aproveitados somente quando acontecem, depois, revive-los já não é mais a mesma coisa. As pessoas mudam, atitudes mudam. O passar do tempo deixa marcas e levanta muros que já não podemos destruir. Se hoje eu dissesse o que ainda tenho dentro de mim, não mudaria a situação em que hoje estamos, não mudaria em nada o rumo que tomamos.
Mas ainda não aprendi a controlar esse grito lá no fundo de minha alma que se desespera em meio ao meu silêncio, não aprendi a deixá-lo livre dentro de mim, não aprendi a não me sufocar a cada vez que tudo isso reaparece para mim e, é isso que me faz desesperar.
São sentimentos meus, uma realidade só minha, um sonho destruído para mim, não cabem a mais ninguém, não interessarão a mais ninguém. Talvez, no momento em que eu externá-los, retirá-los de dentro de mim, eles percam o seu real valor, eles deixem de representar aquilo que representam. Mas nunca foi essa a minha intenção, eu nunca quis minimizar o que sinto, o que quero. Eu nunca quis perder esse elo que tenho com a dor, com a perda, com o medo, com você.
A única coisa que eu realmente quero é aprender a conviver com essa mistura de sentimentos, aprender a conviver com o retorno desses momentos. Quero mesmo é sentir o meu silêncio, desfrutar da minha solidão, abafar minhas lágrimas com um terno sorriso. Quero mesmo é que mesmo sem dizer, você entenda o que senti e ainda sinto por você.

domingo, 11 de julho de 2010

COMO VELHOS DESCONHECIDOS

Sinto uma grande tristeza quando me recordo de grandes amizades que se foram, que não conseguiram suportar a força do tempo e da distância. Não consigo me conformar em ter sido tão íntima, tão presente na vida de determinadas pessoas e hoje não passarmos de velhos desconhecidos que meramente acenam com a cabeça quando se cruzam em calçadas opostas.
O que mais me decepciona é saber que lutei com todas as minhas forças para que isso não acontecesse. Como uma criança e sua inocência, acreditei que aquilo que foi construído em nossa infância, as juras de amizades, seladas com abraços e trocas de objetos, seriam sacramentadas e respeitadas.
Sei que novas realidades, novos caminhos vão surgindo em nossas vidas e nos afastando pouco a pouco de muitos, não tem como escapar, iremos perder muitas pessoas nessa estrada da vida, mas isso não me impede de chorar e me decepcionar, porque, afinal de contas, se fossemos tão especiais para determinadas pessoas como elas foram para nós, nem mesmo todos obstáculos conseguiriam destruir o que tivemos.
Aqueles que marcaram minha infância, minha adolescência, que compartilharam comigo experiências inesquecíveis, eu queria levar para toda a vida ao meu lado. Como nos filmes de grandes amizades que, mesmo após casamentos, filhos, viagens, divórcios e todo tipo de futuro, as amigas estão sempre ali, num mesmo restaurante, em um mesmo encontro, dando todo o suporte e participando de todas as etapas, sempre umas com as outras. Mas não posso dizer que aconteceu assim, não com todas as amigas, não comigo.
O que me tranqüila é saber que ainda tenho algumas dessas amigas ao meu lado, mostrando que a inocência não foi toda quebrada, que a promessa pode ser cumprida. Que, quando para os dois lados existe a mesma importância e o mesmo amor, nada pode atrapalhar a união. Não precisamos estar sempre perto, não precisamos sempre nos encontrar para sabermos que estamos juntas, somos parte umas das outras. Quando realmente precisamos, elas estão ali, como se nunca tivessem saído.
Tenho muito orgulho de saber que conquistei amizades verdadeiras, que tenho irmãs fieis que fariam de tudo para me ver feliz. Isso me conforta, me fortalece, me dá o suporte que preciso para encarar os problemas, os obstáculos, a vida. Mas para aquelas que perdi, que me deixaram pelo caminho, me resta dizer ainda que: sinto muita falta de vocês!

domingo, 4 de julho de 2010

O CASAMENTO NÃO É MAIS PARA SEMPRE

De acordo com as estatísticas, em cada quatro casamentos, um termina em divórcio. Quando li isso, fiquei alarmada. É um número muito expressivo e chocante para passar despercebido.
Eu cresci pensando que um príncipe apareceria, em forma de um verdadeiro amor, começaríamos a nos conhecer, namoraríamos, freqüentaríamos ambas as famílias, ficaríamos noivos, planejaríamos nosso futuro conjugal e nos casaríamos, já prontos para compartilhar toda uma vida eterna. Mas, o que vem acontecendo na nova realidade tem me chocado e feito repensar minhas antigas ilusões.
A facilidade e liberdade dos novos relacionamentos tiraram o encanto do casamento. Quando as fases eram bem delimitadas, as regras muito bem impostas, o casamento era visto como o auge das realizações, o degrau máximo que um casal poderia chegar. Casava-se sabendo das dificuldades de uma vida a dois, talvez com mais ingenuidade e até mesmo com um pouco de ilusão, mas com certeza com mais consciência de tolerância e companheirismo, pois o outro teria que ser visto como o parceiro para a vida inteira, não se podia voltar atrás nas escolhas. É verdade que assim, muitos casais viveram infelizes, na obrigação de permanecer ao lado de quem se achou amar uma vez, mas se arrependeram anos depois da escolha. Mas também, era mais concreto e duradouro o amor quando ele não era um simples adjetivo, mas o verbo de uma relação.
Quando se tinha por obrigação fazer dar certo um relacionamento, quando se acreditava que um juramento tinha seu verdadeiro valor, o amor tinha que ser o principal elo de um casal, nele eles se apoiavam para exercerem a tolerância, o companheirismo, a lealdade e a cumplicidade. Quando tudo estava confuso, difícil, conturbado, a certeza que o juramento era sagrado e que o amor deveria superar os obstáculos fazia com que os casais respirassem fundo, tomassem fôlego e, de mão dadas, seguissem adiante.
Mas, hoje, com as diversas facetas que o relacionamento aderiu, com os diversos tipos de vida a dois, o amor tomou a forma de adjetivo e passou a ser passageiro e leve, mas também menos importante. Enquanto for ardente, caloroso e proveitoso um relacionamento, ele vale a pena. Mas surgiu um pequeno contratempo no meio... é chegada a hora de abandonar o barco. O amor cedeu lugar a paixões, que são avassaladoras, marcantes, mas sem nenhuma base, sem fixação.
E assim, a coragem de me entregar a alguém se tornou quase que impossível, porque com certeza eu serei alegre, moleca, divertida, admirável, flexível, forte, decidida, mas também acordarei confusa, deprimida, fragilizada, carente, insegura e será nesse momento que deixarei de ser mais atraente e, sem o amor, você pulará fora. Afinal, é o que todos fazem hoje em dia.
“Que seja eterno enquanto dure”, já dizia o poeta. Mas tem durado tão pouco não?

sábado, 26 de junho de 2010

A CARTA QUE NUNCA ESCREVI

Foram muitas cartas, bilhetes, presentes e surpresas. Quando estou apaixonada, sou capaz das mais diversas criações para estampar e extravasar aquilo que sinto, mas com o passar dos anos e dos acontecimentos percebi que aquela última carta, com todas as revelações e meus sinceros sentimentos, eu jamais escreverei. Não porque sou orgulhosa demais, não porque sou rancorosa, mas sim porque já não há espaço para se dizer, não há espaço para se sentir mais nada. O que era nosso não é mais seu, não é mais meu e, simplesmente, não existe mais. Foi o mais sincero dos sentimentos, o mais forte que já senti, mas hoje ele não mudará o rumo das coisas, ele já não pode ditar nenhuma regra.
Tivemos a história que nossa juventude permitiu viver, fomos intensos, irresponsáveis, doentios e apaixonados. Marcamos a nossa história de amor em nosso álbum da vida. Mas, hoje, com as novas responsabilidades e a maturidade, não podemos mais nos permitir sentir o que com certeza eu guardarei dentro de mim para sempre.
Dizer que te amo ou que não te amo, já não faz mais sentido, já não terá mais utilidade para nós. Basta sabermos que foi bom, que foi real, que foi sincero, que foi nosso. Os “ses” que alimentei por muito tempo, eu nunca saberei o seu desfecho. Se ficássemos juntos? Se reavaliássemos a nossa situação? Se tentássemos uma relação adulta? Já não tem mais porque tentar responder. Afinal, já não somos mais quem éramos.
Mas eu tenho que confessar que aqueles arrepios, calafrios e tremores na língua ainda continuam aqui quando você passa, quando você se aproxima, mostrando que realmente você foi quem eu um dia pensei que seria, mostrando que valeu a pena tudo que vivemos e construímos juntos.
Chegamos onde devíamos estar. Estamos onde deveríamos estar. Não me arrependo de ter seguido o caminho que segui e nem de ter aberto mão de você no tempo certo que abri. Porque não se pode obrigar alguém que quer sair a ficar, não se pode amar quem, por um tempo, quer te odiar, mas se existe uma coisa que deveria ter feito antes do tempo passar era escrever aquela carta, aquela que diria tudo aquilo que um dia quis dizer, mas que agora já não vou revelar. Porque você nunca saberá o quão grandioso foi tudo aquilo que senti aqui, dentro de mim...

domingo, 13 de junho de 2010

E SE EU FRACASSAR?

A fase das descobertas está passando. É tempo de amadurecimento de idéias, tempo de arriscar e colocar as cartas na mesa. A profissão já desvendou seus lados obscuros, o cansaço chegou a me pegar em determinadas curvas e a desilusão do algodão doce de nuvens já se revelou. Não há mais aquela utopia de me ver uma mulher de fibra, decidida, durona e bem sucedida. Na verdade, estou mais insegura e descoberta do que quando tive que fazer a minha opção profissional, aquela pra vida inteira. A Alice está deixando o país das maravilhas.
Chegar perto dos trinta me faz refletir quanto ao que me espera daqui pra frente. Quando serei totalmente independente e competente? Quando poderei me orgulhar de mim mesma? Quando estarei satisfeita com o degrau que alcancei? Vou confessar que idéias, vontades e projetos não me faltam. Mas e se também não for esse o meu caminho? E se eu estiver tentando errado de novo? Ainda terei a chance de recomeçar do zero como farei agora? Não será tarde e um caminho sem voltas? Não será agora um erro que me arrependerei pelo resto da vida? Largar o que é seguro para tentar o incerto faz parte da juventude, faz parte do jeito certo de viver, mas e se eu fracassar?
Não quero me acomodar a infelicidade e nem ter medo do novo. Não nasci para viver no mais ou menos, para acordar com o céu cinza. Quero ter a coragem e a garra para lutar por um emprego, por uma posição, que me dê prazer, que me dê entusiasmo. Não posso acreditar que todo lugar será a mesma mesquinharia, a mesma rotina, porque não sou mulher de rotinas. Sou mulher de dinâmica, de agilidade. Vivo em busca da minha felicidade e não serão conselhos conformistas que me prenderão em um determinado lugar que já não quero mais ficar.
Meu medo não está no tentar, não está nesse tiro no escuro que é viver, mas na possibilidade de não alcançar, na possibilidade de alguém decepcionar. Afinal, eu sei que muitos depositam em mim uma confiança, uma esperança de um futuro que eu não sei se terei capacidade para realizar.
Enfim, eu não tenho a certeza se eu sou aquilo que todos enxergam que eu seja. Não sei se sou digna de tantos elogios, de tantas projeções, de tanto apoio. Porque como um bebê que começa a engatinhar, eu estou apenas tateando e, sem entender bem o que vem pelo caminho, eu posso cair e, então, a pergunta será: Até quando ainda conseguirei levantar?

domingo, 30 de maio de 2010

O AMOR EGOÍSTA

Sinto-me a cada dia mais sozinha, cada dia mais isolada do convívio e da partilha com o outro. Não que eu seja órfã, sem amigos, problemática, mas porque todos estão cada vez mais ocupados com seu mundinho, seus problemas, seus umbigos.
Mesmo rodeada de pessoas em uma mesa, em um shopping, em uma festa, em uma boate, não estamos ao lado de ninguém mais. Porque estar ao lado é toque, é troca de energias, calor. É pele, sensação, é abraço, é arrepio. Cada vez mais preocupados com a felicidade, com o sucesso, com a autoafirmação, nos esquecemos que nenhuma conquista tem valor quando não é compartilhada. A resposta de todas as nossas buscas não está e nunca estará na solidão.
Mas é nesta solidão que todos se afundam cada vez mais, em um caminho sem voltas. Não apenas amigos, conhecidos, mas seus pais, meus pais, seus irmãos, seus parentes, meus parentes. Somos cartas fora do baralho quando nossa existência não influencia mais aquele dado momento tão importante das pessoas. Quando o objetivo do outro é alcançado, somos sempre esquecidos, afinal, não há espaço para ninguém mais que o próprio ego, ele é onipotente. Enfim, não temos mais o conforto de um fiel abraço quando estamos precisando apenas de nos sentir amados, porque não se pode mais perder tempo com isso.
Dentro de mim há um mundo de conflitos, incertezas, tensões, desilusões, conquistas, desafios que eu gostaria de compartilhar, desabafá-los com alguém, mas a correria, a superficialidade e o ostracismo comunitário, me bloqueiam de tentar. Estou tendo que buscar em mim minhas próprias válvulas de escape, meu melhor conselheiro, meu ombro amigo. Nas noites de choro, procuro desabafar com meu travesseiro, com um som abafado para não acordar os vizinhos. Ao sair na rua, olho para as pessoas ao meu redor, vejo que ninguém se esbarra, ninguém se cumprimenta, ninguém se enxerga, porque, afinal de contas, ninguém pode ser incomodado.
E, nesse mundo de amores egoístas, tento me encaixar, tento sobreviver, nem que seja no meu mundo secreto, no meu próprio país das maravilhas. Porque me recuso a baixar a minha guarda e aceitar esse auto-suficiente amor. Prefiro a tristeza de amar e não ser amada, a me amar tanto ao ponto de esquecer dos que me amam, porque, ao contrário do que tentam me convencer, meu sentimento pelo outro ainda vale muito.

domingo, 16 de maio de 2010

O AMOR QUE SE TRANSFORMA EM OBSESSÃO

Existem paixões que de tão fortes e avassaladoras se transformam em obsessão. Acredito que tenha a ver com a autoestima ou até mesmo com algum distúrbio emocional. Mas todos nós passamos por paixões assim, em baixo grau ou de grande perigo.
Um exemplo pra mim é o caso dos Nardoni. A esposa era apaixonada pelo marido. Doente ao ponto de matar qualquer pessoa que se aproximasse e demonstrasse qualquer tipo de ameaçada a ela. Ele alimentava esse ciúme doentio de sua esposa, porque achava graça e gostava dessa sensação de poder e posse sobre a mulher, pois ele mesmo sabia que como pessoa, ser humano e homem, ele somente poderia ser admirado por ela. Foi ai então, nesse jogo de fraquezas, delinqüências e imaturidades que chegamos ao final daquela trágica história que, a meu ver, acabaria assim de qualquer forma. Porque com amores assim não há espaço para outras pessoas, não há espaço para outros amores.
Essa é a minha análise dos fatos desde que escutei essa história monstruosa pela primeira vez. Ele era um filhinho de papai que vivia no mundo da fantasia, bancado pela família esnobe e nunca achou que grandes erros não poderiam desaparecer, já que seu pai sempre dava conta dos seus. Ela, uma apaixonada que conseguiu se casar com seu maior vício e, com isso, aumentou sua dependência.
Não procuro justificar o injustificável e nem sou da área de direito para entrar nesses méritos da questão. Esse raciocínio, na verdade, só surgiu quando me deparei com a lembrança de uma grande paixão e como que realmente não nos interessa quem o outro é nessas situações, mas só aquilo que ele representa para nós apaixonados. Como que endeusamos tanto alguém quando estamos hipnotizados.
A paixão já me enlaçou uma vez assim, com um ciúme brutal, que doía lá no fundo da minha alma ao tentar imaginá-lo distante de meus braços. Eram calafrios e choros durante as noites, sempre longas e solitárias. Talvez por sorte não o tive para sempre e, com a perda, pude aprender a gostar dos outros sem me anular; a gostar de alguém, mas amar mais a mim. Aprendi que quem está ou estará ao meu lado tem que estar feliz e de igual a mim nos sentimentos, sem um lado pesando mais que o outro, sem um lado amando mais que o outro.
Mas e se eu não tivesse perdido? Se não tivesse passado pela abstinência e pela dor da rejeição? Se não tivesse sido afastada e sobrevivido? Será que não teria transformado aquela paixão em uma obsessão a ponto de prejudicar a todos que viessem a cruzar a nossas vidas?
É importante se apaixonar, é importante sofrer por amor, é importante conhecer os dois lados da moeda: amar e não ser amado, ser amado e não amar para darmos valor ao equilíbrio, à serenidade e à paz que somente o verdadeiro amor pode trazer. Pois se a paixão é o fogo, o amor é a brisa que apenas nos refresca e nos faz sentir vivos, sem jamais alterar o percurso das coisas...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

QUANDO O AMOR ACABA

Existe uma fórmula correta a seguir quando o amor de um dos lados acaba? No início é aquela paixão, aquele encantamento e nós nos deixamos envolver, cedemos ao outro e abaixamos nossas armaduras, nos entregamos ao desconhecido, nos deixando conhecer. Abrimos nossas mais profundas inseguranças, acreditando estarmos seguros nos braços de quem amamos. Mas ai ele já não ama mais, encontrou um outro alguém ou se encontrou em outro caminho. E o que fazemos então sem nosso maior refúgio? Como dizer ao nosso coração que acabou pra gente também? Como entrar em sintonia com a solidão novamente sem nos machucar? Enfim, como esquecer tanta paixão?
Se você veio buscar a solução, já aviso que não tenho. Também estou a procura. Mas confesso que já passei por isso e, não sei bem se a palavra certa foi que esqueci, mas do meu jeito, eu segui em frente. Eu chorei, contestei, lutei, quis mil vezes me culpar e encontrar culpados. Questionei, critiquei seus outros relacionamentos, mas não era isso que me preenchia. No final, era só eu e meus soluços naquelas noites escuras. Até o dia em que deixei lado, apenas isso. Não quis esquecer, não quis odiar, não quis mais lutar, apenas guardei na gaveta mais distante das minhas lembranças e segui em frente.
Se eu deixei de amar? Não me comprometam... o menino já é bem convencido! Mas para tentar ajudar, posso dizer que não, não aquele desamor de indiferença ou até mesmo de ódio, onde só a morte do outro seria a solução. Eu cultivo ainda o amor inocente, quase celestial pelas pessoas, ainda quero o bem e poderia mover o mundo para ajudar. Por que sou boa demais? Por que sou boba? Por que ainda tenho esperanças? Não, mas porque sou grata a todos que me construíram e contribuíram no seu tempo para a construção da minha árvore da felicidade. Sim, porque podem ter sido dias, meses, anos, mas com certeza, ele me fez feliz e merece minha admiração e gratidão por isso.
Posso dizer que se ele morresse hoje, eu choraria como uma das mais profundas perdas, porque ele não foi retirado de mim, está naquela gaveta, se lembram? Eu não quero o seu mal, quero apenas o meu bem. E o meu bem é estar com quem queira estar comigo, estar com quem acredite que juntos possamos dividir a vida, que juntos possamos somar e multiplicar e não quem esteja do meu lado só porque eu não deixei de amá-lo ao tempo que ele deixou de me amar. Amor por pena não é amor, é apenas compaixão ou fraqueza. Sei que dói e dói muito uma ausência. Sei que é cruel a despedida bruta e forçada, mas com o passar das lágrimas, eu prefiro assim mesmo. Prefiro porque ainda posso contar com a integridade da minha alma, com a fidelidade do meu coração. Se ainda o amo ou se vou amá-lo o resto da vida? Já não se torna mais o ponto da questão e expor isso aos outros no início é carência, mas depois se torna mais uma ridicularização que quem sofreu ou sofre não precisa passar.
Eu não posso dizer o que acontece depois que um amor acaba, eu não posso ditar o final e nem dizer que você rirá disso com seus futuros netos, mas posso dizer que independente do que quer que esteja sentindo agora, é seu. È um sentimento só seu e que ninguém pode te tirar e tudo que vem do coração, de maneira pura, vem somente pra te acrescentar. Aceite isso, aceite a dor, aceite a lágrima e aceite a superação. Porque não sei a maneira correta, mas tem sempre uma superação. É só procurar. Não é preciso esquecer, só não precisamos lembrar de tanto amor a todo tempo.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

QUANTOS AMORES TEMOS EM UMA VIDA?

Há quem diga que temos direito a apenas um amor verdadeiro em nossa vida. Há quem diga que na verdade são dois: aquele infantil, passageiro e inocente e aquele com quem dividimos e compartilhamos todos os dramas e espetáculos de uma mesma existência. Em quem devemos mesmo acreditar?
Se tivermos direito a apenas um amor para compartilhar nossas alegrias e tristezas, acho então que é meio uma loteria, onde poucos conseguem ter a sorte de achar o seu. Se forem dois, então tudo bem o primeiro. Já sei até quem foi o meu, mas como saber se não estou queimando cartucho ao procurar o segundo? Eu mesma posso confidenciar que já tive dois amores, então estou mesmo fadada a passar o resto da vida sozinha? Minhas chances já se foram? Cruel não? Ninguém mandou ter o dedo podre, né?
Pode ser que eu fique sozinha, pode ser que daqui a 10 anos eu encontre alguém que me acrescente algo, que valha a pena arriscar e compartilhar meus mais profundos tesouros, mas pode ser que amanhã apareça alguém. Isso significa que se for amor tem que durar pra sempre? Temos limite de amores e prazos longos de duração?
Então eu não posso encontrar um amor arrebatador amanhã, que dure apenas uma estação e se vá, mas que vai me marcar e ficar gravado em minha memória pra sempre, num lugar em que nenhum outro amor possa encontrar? Eu não posso me entregar completamente a alguém que irá desaparecer em sua forma física em poucas horas, mas que valerá sua existência pelos poucos minutos de prazer que nenhum outro conseguirá substituir? Isso não poderá ser considerado amor?
Se for mesmo para ter amores em fórmulas como aqueles de novelas ou filmes para dizer que vivi um amor, então abro mão desses amores. Quero continuar sentindo o frio na barriga por aquele “Don Juan” que eu sei que não vale um ovo cozido, mas que me faz sentir viva e plena em seus braços. Quero sentir o gosto da chuva caindo em minha boca, no intervalo de um beijo quente e doloroso, por saber ser ali nossa despedida. Quero amores de estações diferentes, amores de sintonias diferentes, porque sou de fases, assim como a lua, e gosto que meus amores me acompanhem em cada nova etapa. Também não abro mão da minha solidão, do meu momento de “stand by”, onde me preparo para as próximas emoções.
Eu não quero números exatos para sentimentos inexatos. Não quero ter que racionalizar aquilo que somente é comandado pela emoção. Eu quero mesmo é viver, viver cada amor, cada paixão e, se acharem que valeu a pena a experiência, podem também retornar, para que possamos viver outras formas de amar. Se tivermos direito a números exatos de amor, então já não é mais amor, porque não podemos mensurar aquilo que vem do coração.

domingo, 11 de abril de 2010

ONDE ESTÁ A ALMA GÊMEA?

Será que existe mesmo uma alma gêmea, alguém que carrega a metade de você, a metade da sua alma, apenas esperando o dia de te encontrar para enfim se transformar em um só? E aqueles então que se separam? Aqueles que passam a vida sozinhos? Não tiveram direito a sua alma gêmea ou são almas perdidas? Qual a garantia que temos então que encontraremos a alma gêmea durante a vida?
Com toda sinceridade, acho demasiadamente simplista a teoria de uma alma gêmea a minha espera. Então eu não preciso fazer nada? As pessoas com quem me relaciono também não? É apenas torcer para sermos a alma gêmea e senão for assim... a culpa não é de ninguém? Fácil não? Então você não precisa se dedicar a um relacionamento? Você não precisa demonstrar afeto, lutar por um ideal, ceder, manter viva a paixão? Basta ter a certeza que é sua alma gêmea e a felicidade eterna já está garantida?
Se for realmente assim, eu prefiro então ter perdido a minha alma gêmea de vez, espero que ela tenha nascido lá no Japão ou então na forma de planta, porque alguém que já se acomoda ao fato de ter nascido um por outro, alguém que já acha a maior das vantagens você já estar ao lado dela, não serve pra mim. Eu quero é alguém que me conquiste todos os dias e que eu precise conquistá-la, que tenha dúvidas 3 ou 4 vezes em uma mesma semana se realmente nós fomos feitos um pro outro, que discorde de mim, que brigue pelos seus objetivos, que antes de ser meu namorado, lembre-se sempre é que um individuo e que como indivíduo se contenta em viver consigo mesmo e, se estamos juntos é porque decidimos, escolhemos por nós mesmos. Alguém que enfrente os obstáculos, o mau-humor, as adversidades junto comigo por escolha, por vontade própria e que tenha consciência disso. Jogar a culpa no destino ou se acomodar aos fatos, não me serve.
Eu nasci sozinha e espero poder morrer assim, então é óbvio que durante o caminho também posso segui-lo sozinha. Não tenho medo da solidão, mas tenho pavor da acomodação e do descaso. Pode ser sozinha ou com alguém, o que não pode faltar em nenhum momento é paixão e conquistas diárias, porque é isso que aquece meu coração, é isso que realmente completa a minha alma.

terça-feira, 6 de abril de 2010

MOMENTO PROFISSIONAL

É preciso ter certeza do que realmente se procura para se encontrar o caminho? Confesso que, desde o dia em que fiz minha inscrição para a faculdade até os dias atuais, não tenho plena convicção de que de fato encontrei meu destino. Passo horas a fio tentando imaginar se sou feliz com a profissão que escolhi, se quero fazer isso o resto da minha vida, mas o que encontro nesses pensamentos é sempre uma enorme incerteza. Será que isso acontece só comigo?
Não vou mentir que quando penso em escrever, pode ser num papel e caneta ou no computador, apenas o ato de escrever, isso já me excita. Sim, a única certeza que sempre tive é que minha vocação está nas palavras, mas e o resto? Tento me imaginar no futuro e não consigo visualizar uma posição profissional ideal, aquela que eu quero alcançar e, com isso, me sinto perdida, bem perdida... Já estou na idade e no momento de saber o que quero e buscar por isso, seja qual caminho for, mas é exatamente essa luta contra o tempo que me desespera. Somos obrigados a respeitar prazos sempre, desde crianças, e não temos nunca o direito da dúvida. Mas até onde todos vocês são tão seguros ao ponto de exigirem isso de mim assim?
Ser jornalista é uma paixão, um desafio, mas a falta de reconhecimento ou até mesmo o destino que tracei não é de fato onde eu sempre quis chegar. Mas os sonhos de menina não podem atrapalhar a felicidade de mulher? O fato de se sonhar conquistando o mundo e sendo uma profissional respeitada e renomada não acaba impedindo a gente de enxergar até onde já chegamos e o que realmente somos?
Tem dias que eu acordo satisfeita ou saio do trabalho orgulhosa do que produzi, mas há outros que dá vontade de chutar o balde e começar tudo de novo, sem medo do que possam pensar ou contestar. Depende do momento, depende do meu temperamento. Mas a dúvida não é o combustível para o prazer? Enquanto eu me questiono, brigo comigo mesmo, não é de fato quando realmente estou vivendo?
São muitas inseguranças quanto ao meu destino, muitos tropeços e questionamentos de minha conduta, mas a pressão que nos fazem e que nos fazemos é o que realmente atrapalha toda a nossa caminhada. Escolhemos muito cedo que caminho tomar e, em dado momento, este caminho se torna sim irreversível. Não porque estamos velhos, não porque estamos menos sábios, mas porque o olhar dos outros e a pressão psicológica já sugaram nossas energias e engoliram nossa perseverança.
Quero ser uma boa profissional, quero dar conta de me manter de pé sozinha, quero conseguir alcançar meus objetivos na bravura e na garra, mas antes de qualquer coisa, eu quero mesmo é ser feliz e encontrar, ficar lado a lado, com a tão sonhada paz. Quero envelhecer sabendo que tenho uma cama quente pra dormir e uma cadeira de balanço para refletir o que vive. Quero olhar pra trás e dizer: valeu à pena ter chegado até aqui! Mas será que consigo?

domingo, 28 de março de 2010

O QUE É UM AMIGO?

Amigos, assim como os amores, são difíceis da gente definir. Tem aqueles pra toda hora, que você liga a qualquer momento e te atende, que você aparece na casa dele sem nem bater na porta e que aparecem no seu trabalho, na sua academia, na igreja, em todo lugar, grudados como chiclete. Tem aqueles que você só encontra com hora marcada, que raramente coincidem horários, programas e vontades. Tem aqueles baladeiros, que você só consegue encontrar se for para uma festa ou qualquer diversão. Aqueles de papo cabeça, do momento mais difícil de lidar sozinhos, e tem aqueles que só funcionam no telefone...
Mas, o mais importante não é a categoria em que eles se encaixam, mas saber até onde podemos considerá-los amigos de verdade. Será que aquela pessoa que nem sempre podemos contar, que temos restrições de assuntos, que pensamos muito para decidirmos o que falar, que nem sempre está disponível pra conversar, pode ser considerada realmente amiga? Até onde vai a liberdade de uma amizade?
Uma vez, discutindo com uma amiga um pouco displicente quando o assunto é o outro até onde devemos relevar a falta de atenção e até onde devemos algumas obrigações aos amigos, ela me disse que a verdadeira amizade é aquela em que a pessoa é completamente livre da outra, é quando ela liga porque quer ligar e não porque é uma regra manter contato. Concordei em dado momento, mas depois, refletindo, acho que não concordo integralmente.
É justo que não temos que nos preocupar em manter formalidades com amigos, que podemos dar o cano às vezes e que eles entenderão. Mas acho que, como toda relação baseada no amor, nós devemos ter o cuidado de retribuir aquilo que recebemos, devemos prestar atenção se regamos nossa plantinha com cuidado para que ela continue bonita e fortalecida.
Por que é que quando um namorado deixa de escutar nossas lamentações em momentos difíceis, deixa de nos chamar pra sair, não tem o cuidado de nos convidar para seus programas o taxamos de cruel, mas quando se trata de um amigo, temos que relevar e entender que ele não tem obrigação de nada? Afinal, e aquela frase: tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas?
Acho que não somos grudados, não estamos na adolescência pra andar apenas com um grupo e podemos sim ter amigos para cada tipo de circunstância. Mas, como com todos aqueles que amamos, nós devemos a obrigação de preservar e respeitar. Quando se ama alguém não se pode presumir que a outra pessoa já sabe e pronto, já é demais o seu amor. Precisamos demonstrá-lo e dizê-lo a todo instante possível. Precisamos assegurar ao outro que somos parte dele e que ele é parte do que somos, porque assim como nossas incertezas nos deixam retraídos e confusos, com o outro acontece o mesmo. Precisamos nos dedicar mais ao outro e deixarmos de viver o nosso egoísmo, porque quando dói lá no fundo, não é sozinhos que queremos chorar...

sábado, 20 de março de 2010

O MUNDO GIRA

Toda vez que alguém nos faz um mal ou nos abandona ou simplesmente não nos inclui mais em seu mundo, escutamos dos amigos: não se preocupe, o mundo gira. Mas será que gira mesmo?
Será que quando uma pessoa nos abandona, nos joga pra escanteio, não nos quer mais dentro do seu circulo de amizade, ela será amaldiçoada a ter isso de volta? Será mesmo justo que quando uma pessoa resolve ser honesta com o outro e dizer que não sente mais o mesmo que antes, que atitudes, palavras ou mesmo o tempo mudaram seus sentimentos, ela tem que ser a vilã e pagar por isso no final? Ou isso não seria uma desculpa e apoio para os fracos?
Eu não quero acreditar que quando sofro é porque um dia fiz alguém sofrer, se me machucaram agora é porque ontem eu machuquei alguém, quero ser dona das minhas ações e até mesmo do meu sofrimento. Se alguém me fez chorar é porque naquele momento eu quis chorar, é porque naquele momento eu tinha que chorar e não porque a terra é redonda e o mundo gira, não acho que a minha existência seja tão simplista. Quero ser mais complexa que isto. Não é porque ontem, por imaturidade, crueldade ou até sinceridade fiz alguém sofrer que vou ter que pagar na mesma moeda.
Quando me fizeram chorar, sofrer ou me decepcionaram, nunca pedi para que aquela pessoa sentisse o mesmo que eu um dia, porque na verdade ela jamais poderia, o sentimento é só meu (sim, eu sou egoísta até nesse ponto). Não quero que uma pessoa que me fez um bem um dia, mas no outro, por qualquer que seja o motivo, não quis mais, pague por isso e se lembre de mim como o troféu consolação. Se for pra ficar ao meu lado, seja amor, amigo, parente, colega de trabalho ou qualquer outra coisa, que seja por mim e não por medo da vingança da bola.
Eu já fiz pessoas chorarem, já fiz pessoas sofrerem, mas não é por isso que eu choro, que eu sofro com outras pessoas. Cada um é cada um e deixa sua marca e sua história em nossas vidas. Se eu acreditar que chorei hoje com fulano porque ontem fiz ciclano chorar é porque não acredito em indivíduos, porque fulano não é parte de ciclano, são pessoas distintas, com histórias de vida distintas e que me marcaram de maneira distintas. Eu já disse que tenho mania de colecionar pessoas, mas o divertido desse álbum é exatamente que não podem existir figurinhas iguais. Então, se hoje eu chorei por alguém, que bom. É sinal que ainda posso me emocionar por alguém, que nenhuma crueldade ainda tenha abalado minha sensibilidade, mas eu não vou esperar que essa pessoa sofra pra eu ser feliz. Não mesmo. Ela que caminhe pro seu lado que eu tenho muito mais tempo pra pensar em como me reerguer do que esperar a vida derrubá-la.
Quando um ciclo termina é melhor gastar a energia que temos para começar o nosso novo ciclo do que dedicarmos a atrasar o ciclo alheio. O mundo pode até girar, mas não é pra se vingar por mim e sim pra que eu amadureça a cada nova volta.

terça-feira, 2 de março de 2010

EFEITO IÔ- IÔ

Todas as pessoas têm na verdade uma relação que vai e vem, uma pessoa que volta e meia reaparece e bagunça tudo que você levou tempos para reorganizar. Mas isso prova que somos todos um pouco sados-masoquistas ou que existem carmas que nos perseguem e rondam como almas penadas?
Não adianta fugir quando esse tipo de gente reaparece, deixe rolar, porque no final você se rende como em todas as outras vezes e a resistência inicial apenas te causará um desgaste de energia que poderia ter sido poupado para a hora do inevitável adeus. Temos que aceitar que certas pessoas são perfeitas pra gente por certo prazo de tempo e que depois, como as baleias, elas precisam seguir um rumo e retornar apenas quando é chegado o momento do novo acasalamento. Depois que percebemos e aceitamos que esse tipo de encontro também se trata de um relacionamento e que cada um tem seu papel diferencial em nossas vidas, sem cobrarmos rótulos ou funções específicas, as coisas tendem a fluir melhor.
Precisamos aprender a respeita o espaço do outro, sem cobrarmos o retorno daquilo que doamos, porque ninguém é aquilo que esperávamos que fosse e não existe a materialização perfeita da nossa imaginação. Se a sua relação é baseada no respeito e carinho não deixe de vivê-la porque ela não tem um nome e um momento fixo, as festas itinerantes costumam ser mesmo as mais inesquecíveis. Embarque na fantasia enquanto ela existir e, no intervalo em que ela precisa partir, deixe-se levar para outras festas, outros eventos, porque se aquela foi mesmo especial e deu toda aquela repercussão esperada, ela volta e, caso um dia ela decida não aparecer, bem, você terá aproveitado tudo que ela pode oferecer.
Eu tenho pessoas itinerantes que eu custei e ainda custo para aceitá-las dessa maneira, mas confesso que se elas não fossem assim, talvez, não seriam tão especiais, pois não teriam me rendido tantas histórias e me colocado a questionar até onde o previsível não pode ser desgastante. Se aquele amor arrebatador tivesse me pedido em casamento, será que a paixão e o fogo que marcam minhas lembranças não teriam sido esmagados por sua barriga de cerveja ou arrotos no sofá? Será que ele seria tão excitante se tivesse me largado em casa num sábado à noite, em pleno aniversário de casamento, para uma partidinha de futebol com os amigos? A rotina e o rótulo poderiam ter apagado o que agora se torna combustível para as minhas mais profundas emoções.
Já que não há como sabermos se temos tendências sado-masoquista ou se somos perseguidos por carmas de outras vidas, é melhor aceitar apenas essa condição que nos é imposta e seguir adiante, sem pensar em dar nomes e regras a tudo aquilo que vivenciamos, porque no final, será mesmo só você com você mesmo sempre...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

NÃO ESTAMOS TODOS EM ESTADO VEGETATIVO?

Li uma reportagem essa semana sobre uma mulher que está em coma há anos e respondeu a muitas perguntas pessoais em um novo exame. Os médicos pediram para que ela se imaginasse jogando tênis no sim ou caminhando em casa no não, ambos ativam partes diferentes do cérebro, e ela conseguiu responder a todas corretamente. Minha primeira reação foi me chocar, senti uma espécie de claustrofobia, me imaginando no lugar dessa mulher, presa em mim mesma pra sempre, em uma tentativa constante de gritar e o grito jamais sair. Nossa, morri de calor naquele momento, mas depois eu refleti...
Quantas vezes na verdade eu não estive mesmo nesse coma? Em quantos momentos não me senti presa a mim, dentro de mim, sem que ninguém conseguisse me ouvir ou perceber minhas respostas, meus estímulos? Em quantos momentos da minha vida eu não me senti sem vida, abandonada e em um desespero só meu de gritar, chorar, bater ou simplesmente descansar eternamente? Será que não nos preparamos de fato para vivermos nesse coma e não percebemos?
Em momentos desesperadores podemos estar cercados de gente que iremos nos sentir sozinhos e desamparados, sem chão, sem ar, sem lágrimas ou pensamentos coerentes e isso já não é estar em estado vegetativo? Quantas vezes não nos anulamos para dar preferência ao outro, não nos doamos sem falas para não decepcionar ao próximo, isso não é deixar de responder a estímulos? Ser marionetes na vida não é talvez mais cruel que estar em coma em um leito de hospital? No hospital ao menos somos a vítima do acaso, de um acidente, ficamos cercados de todos os cuidados, carinho familiar e compaixão, mas e na vida? Geralmente somos abandonados nos momentos de inércia e deixados de lado, esquecidos pela nossa ausência.
O coma interno pode ser tão traumático como o estado de coma hospitalar, dependendo do tamanho do trauma, do tamanho do estrago das nossas feridas, não nos recuperaremos nunca. Isolar-se, entrar na própria conchinha, se conhecer e conhecer seus limites, é saudável, é sublime, mas é preciso se lembrar do caminho de volta, se prender a algo que te faça viajar para o outro lado, mas ter vontade de voltar, porque nosso mundo interno pode se tornar um labirinto muito atraente a princípio, mas também pode ser muito cruel com o passar do tempo.
É bom quando nos conhecemos por dentro, entramos a fundo em nosso abismo, sem medo. Mas com certeza é melhor quando isso é só um leve sono e, logo, nos despertamos abraçados a alguém especial.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

RIO 40 GRAUS

O Rio de Janeiro é uma cidade que exala o sexo e o erotismo, seja nas pequenas peças de roupa dos cariocas, seja por seus corpos sarados, pele bronzeada ou mesmo pelas altas temperaturas que sempre marcam os termômetros da capital fluminense. Só sei que quando piso em solo carioca é impossível controlar a onda de calor que vem pelo corpo.
Não sei dizer se essa sexualidade aflorada é um reflexo do calor ou se na verdade a cidade se esquenta devido à alta libido das pessoas. É verdade também que o carioca como um “bom vivant” não se fixa em grandes preocupações e ambições de vida, para ele o trabalho é apenas o meio para se chegar ao prazer. Ele não trabalha pensando em grandes economias e definitivamente também não trabalha pelo simples prazer de trabalhar, como faz um paulista. O trabalho no Rio de Janeiro serve apenas para garantir o chope e o biscoito globo na praia, para dar sustentação às varias atrações noturnas que acontecem diariamente na cidade. O Rio de Janeiro, sem sombras de dúvidas, é uma cidade dos sonhos onde se encontra a diversão, o prazer e a descontração sempre acompanhados por um belo e desconcertante sorriso carioca.
Sou suspeita pra falar dessa cidade que me abraçou por tantos anos e dos seus moradores que sempre me seduzem com seus olhares despreocupados e cheios de malícias, com o gingado do corpo e o toque sempre ousado. Mas, se eu pudesse dar um conselho a todos seria: aprenda a viver como eles. Sem levar a vida tão a sério, sem se prender demais às picuinhas do cotidiano, um carioca se liberta das obrigações morais e se joga na vida como uma criança aproveita suas férias de verão.
Velhos rabugentos são substituídos por “jovens senhores da melhor idade” que fazem caminhadas no calçadão e dividem experiências de vida entre uma água de coco e uma boa ducha gelada nas areias de Copacabana, nos mostrando que é possível envelhecer com qualidade se um dia deixou-se viver intensamente.
O Rio pode até ser por um lado o purgatório da beleza e do caos, como disse a cantora Fernanda Abreu, mas que ele nos seduz e nos vicia ao ponto de nunca mais abandoná-lo, também não podemos negar. É, minha gente, não é só Minas Gerais que quem conhece não esquece jamais, mas entre a bela paisagem e o calor inexplicável que me sobe na nuca, o Rio de Janeiro para mim se tornou mais que um cartão postal, é o local onde me realizo e me deixo levar, onde esqueço o que não se pode fazer e me permito ousar na minha mais profunda vontade e fantasia. É por isso que deixo aqui, aos amigos cariocas, minha sincera homenagem!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

RESPEITO, CONSIDERAÇÃO E AMIZADE, NÃO É PEDIR MUITO?

Não sei se é por jogo, por medo ou porque as relações estão ficando cada vez mais superficiais, mas a falta de respeito e consideração com o próximo, principalmente quando se trata de uma relação a dois, tem se tornado cada vez mais constante.
Normalmente, procuro conhecer primeiro as pessoas antes de me relacionar com elas. Acho que tem a ver com meu signo sentimental ou talvez seja um resquício de minha criação interiorana, mas o que acontece é que eu sempre me envolvo antes mesmo do primeiro beijo. Não é uma questão apenas de romantismo ou paixão. Antes de qualquer coisa, eu gosto de colecionar amigos.
Porém, o que ocorre quase sempre é que, enquanto é de interesse da outra parte as coisas ficam ótimas, há um interesse mútuo no bem-estar do outro. Mas passou a satisfação momentânea daquele prazer, eu quase sempre me sinto literalmente guardada em uma gaveta. É, porque ninguém chega diretamente e diz aquilo que se passa ou aquilo que irá acontecer, porque prefere deixar no “stand by”, na dúvida se amanhã pode vir a se interessar por você novamente. E, é assim que passamos do estágio de pessoas para objetos.
É tão difícil assim? É muita exigência da minha parte quando peço um pouco de consideração, respeito e carinho amigo? Qual o drama de se dialogar, dizer ao outro aquilo que pensa e se deixar entregar a uma bela amizade? Atender a um telefonema, ser gentil, responder a uma mensagem, conversar por alguns minutos não é nenhum pedido de casamento, é só uma chance de conhecer o universo do outro, o indivíduo que, com toda sua história, pode nos acrescentar conhecimento e compaixão.
Perdemos o interesse nas pessoas numa busca incessante pelo prazer. Num mundo tão materialista estamos nos deixando materializar e tudo isso por um medo ridículo de demonstrar qualquer tipo de sentimento. Acho que vale lembrar que sentimento não é sinônimo de fraqueza e que ter carinho por aqueles que cativamos é mais nobre do que se pode imaginar.
Cansei de escutar que o erro está em mim, porque crio expectativas demais nos outros e sonho com o impossível. Não, não é mesmo. Não pode ser errado eu querer ser respeitada, querer manter vínculos e fazer parte da vida de alguém depois que aquela pessoa me conheceu no meu mais profundo íntimo. Não sou exigente ao pedir que sejam sinceros, que exteriorizem aquilo que os perturbam, que sejam apenas meus amigos.
Não sei como algumas pessoas conseguem entrar na vida de alguém e querer sair sem fazer barulho, como se isso fosse apagar o fato de um dia já terem entrado ali. Não temos um botão de liga e desliga e não é justo que tenhamos que esquecer uns aos outros e nos tornemos velhos desconhecidos ao nos cruzarmos nas ruas. Eu quero somar: somar amigos, somar carinho, somar atitude. Eu quero pessoas em quem eu possa confiar, que eu possa ligar de madrugada pra dizer que tive um pesadelo e estou com medo ou que tive um belo sonho e queria compartilhá-lo. Eu quero ser bem velhinha um dia e me lembrar com certa nostalgia de cada ser que passou por minha vida, porque de alguma maneira ele foi especial e me transformou em quem eu serei. Porque essa é a graça de se ter um relacionamento, esse é o verdadeiro sentido de viver: deixar-se conhecer por alguém.
Então, me faça apenas um favor? Não entre na minha vida se não pretende ficar, pois a indiferença é algo que me dói muito.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O PRIMEIRO AMOR A GENTE NUNCA ESQUECE

O primeiro amor é um momento mágico na vida de uma mulher, a idealização do príncipe encantado, algo puro e singelo, onde o ser amado é repleto de beleza, bondade e perfeição.
Aconteceu aos meus 11 anos, ele era mais velho e nem olhava para mim, eu não passava da dona do único cachorro que ele conseguiu gostar e de uma criança estranha, magricela e começando a se desenvolver, não sabendo se crescia ou se brincava de bonecas.
Toda vez que eu o via, meu coração batia acelerado, eu só falava besteiras e suava, suava muito. Ele ria da situação, mas sabia respeitar esse momento, provavelmente porque já havia passado por ele antes, ou não, com os homens acontece assim?
Sei que com o tempo ele arrumou sua namorada real e foi meu primeiro choque de realidade, choque com o sexo oposto, com suas grandes habilidades em nos fazer sofrer. Por ele, eu escrevia cartas, poemas, chorava e me abraçava ao vácuo à espera de um dia poder encontrá-lo naquele mesmo lugar, mas ele nunca apareceu ali. Por que os primeiros amores costumam ser trágicos e deixar marcas profundas dentro de nós? Para que já nos adaptemos a nossa triste sina de nos decepcionarmos ou por que assim é mais divertido para contar para os nossos futuros e incertos netos? Não sei, só sei que com o meu não foi fácil e não sei se por carma ou até mesmo macumba dele, até hoje não tem sido.
Depois dele eu tive outros amores, mais reais, mais palpáveis talvez, mas eles sempre começaram da mesma maneira, estranhamente platônicos, é isso, eu vivo de amores platônicos, mas eu gosto disso, gosto mesmo. Podem achar estranho, errado, uma fuga, mas quando eles ainda estão na minha terra da fantasia, eles são perfeitos, amáveis e a espera por eles sempre é prazerosa. Só piora quando acontece a evolução, quando eles passam para o plano da ação, do acontece. Ai eles não são mais tão dóceis, belos e perfeitos. Começam a questionar seus sentimentos e duvidar que eles existam. Homens reais são bons só no começo, depois perdem a graça. Mas o meu primeiro amor, ahhh meu primeiro amor, esse conseguiu marcar minha vida e até hoje se faz presente em uma ocasião, em um determinado evento... Não é alguém freqüente, mas alguém que ás vezes freqüenta minha vida. É isso, meu primeiro amor é o amor que ficou como minhas tatuagens, não dói mais, não é mais novidade, mas ficou pra sempre em meu corpo, em minha memória, me lembrando de uma fase da minha vida, de um momento que não volta mais, mas que foi muito bom. Meu primeiro amor é meu fiel seguidor, mesmo quando não está me seguindo, porque eu sei e tenho a segurança de que: o primeiro amor a gente nunca esquece!

sábado, 16 de janeiro de 2010

É POSSÍVEL SER FELIZ SOZINHA?

Sempre jogamos a nossa felicidade para o futuro, na espera que tudo venha a ser diferente. Esperamos pelo emprego perfeito, pela casa dos sonhos, roupas da estação e viagens exóticas, mas, principalmente, esperamos sempre pelo homem ideal, pela cara metade, para então nos considerarmos felizes. Mas e se ele simplesmente não existir? Ou, se por ventura apenas, não o encontramos no meio da caminhada?
São questionamentos que sempre nos fazemos e, é óbvio, que damos as mesmas respostas: a felicidade é agora, independe do amanhã, independe da companhia. Mas e lá dentro? É isso mesmo que esperamos e pensamos?
Confesso que tenho preguiça dos namoros comuns. É... Comuns, daqueles que um anula a existência do outro que passa a ser um reflexo do primeiro. Mas também não posso negar que estou sempre caçando uma nova paixão, uma nova faísca para iluminar os meus dias e fazer valer à pena usar toda essa maquiagem cara que compro. Alguém que faça meu coração acelerar, que me faça contar as horas no relógio à espera de vê-lo passar. E isso não seria então uma maneira de jogar a minha felicidade sob a responsabilidade do outro? Não seria então a minha felicidade uma completa dependente do outro e livre de mim mesma?
Por outro lado, nada me faz tão feliz quanto meu quarto fechado, sem ninguém lá dentro, apenas eu. Adoro minhas conversas e discussões intensas comigo mesma. Gosto de ver meus filmes, chorar sozinha, andar no shopping e até ir ao cinema sem ninguém. E juro que não consigo me visualizar anos a fio com uma mesma pessoa, um ser tão diferente de mim, que não me enxerga a fundo como eu me enxergo. Acharia um desperdício e uma traição comigo mesma.
No fundo, eu gosto de paixões, gosto delas platônicas ou reais, gosto de pegar, morder, arranhar ou apenas sonhar. Isso. Eu sou uma eterna apaixonada! Mas, além das minhas paixões constantes, eu também sou feliz lendo um livro, descobrindo novos caminhos e me excitando com novos projetos. Sou feliz quando dou gargalhadas idiotas com minhas amigas ou quando simplesmente resolvemos filosofar sobre a vida, como estou fazendo agora. Sou feliz quando encontro toda minha família reunida, quando vejo os anos bem vividos de minhas lindas vovozinhas. E, é ai que eu descubro que a minha felicidade está na soma das minhas tristezas, dos meus sofrimentos, que são inerentes a mim, com o meu aprendizado, minhas amizades e paixões. E descubro que sozinha não posso ser feliz, mas que também não preciso estar em par para então desfrutar da alegria de viver.
Pode ser que eu não encontre um alguém pra vida inteira, mas pode ser também que eu nem esteja procurando. O que não significa que não serei feliz. Pode ser que eu encontre e até me torne uma namorada comum e isso me faça feliz. Mas, com toda sinceridade, acredito mesmo que a felicidade é sinônimo de paixão, paixão que pode ser por um novo flerte, paixão por um novo livro, pelo velho vestido ou chocolate. Uma paixão acompanhada de um homem ou não, mas com certeza tem que ser uma paixão.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

INSEGURANÇA MASCULINA OU APENAS CRUELDADE MÓRBIDA?

Um homem fazer uma mulher sofrer é uma das coisas mais naturais do mundo. Está nas novelas, nos filmes, nos livros, nas conversas de esquina, na vida... Mas quando esse homem se torna um pai e esse sofrimento acontece dentro do seio doméstico, podemos dizer que é um reflexo de sua insegurança masculina ou é meramente mais uma artimanha de sua crueldade mórbida?
Aconteceu recentemente comigo. Meu pai, como em quase todas as histórias familiares, traiu minha mãe com meninas que não chegam a minha idade. A luta pela verdade foi dolorida (homens não assumem suas falhas nem mesmo perante Deus), mas o que se agravou não foi apenas a confissão do erro e a idade prematura das moças. Podemos até mesmo entender suas possíveis causas, aceitar que a vida conjugal tem suas dificuldades e doenças crônicas, mas ele decidiu sair de casa, largou a minha mãe para viver a aventura com elas. Montou casa, adotou os filhos que não eram dele, deu status e brincou de casinha... Tenho que ressaltar que, na sua maioria, elas eram garotas de programa mal-sucedidas, de cidade pequena, que viram nele uma chance de se transformarem em uma Julia Robert, no filme Uma Linda Mulher. A pior delas o levou da minha casa de vez. Fez com que ele deixasse de lado a mim para se dedicar a sua filha recém-nascida, que nem dele é. E, foi nesse momento que comecei a questionar até onde vai a insegurança masculina e começa a sua crueldade pura e simples.
É verdade que meu pai está na idade do lobo, aquela que eles não aceitam estarem ficando velhos e que nem tudo, principalmente AQUILO, não funciona mais como antigamente. Seu filho caçula já terminou a faculdade e está na fase de pegar as meninas, o fazendo lembrar-se de seus velhos tempos e, é nessa idade que os homens então nos mostram que realmente são inseguros e que dependem de opiniões externas pra viver.
É óbvio que eles deixam transparecer suas inseguranças ao longo de toda sua existência e não somente nessa idade. Quantas desculpas eles criam para assumir que realmente querem namorar uma garota, porque afinal de contas: o que os amigos vão pensar deles? Quantas noites mal dormidas ou discussões começadas só porque no dia seguinte eles têm um projeto importante pra apresentar e precisam mostrar o quanto eles são os melhores profissionas? E o medo de ir contra a mãe e ficar de castigo, mesmo que eles já tenham mais de 30 anos? Além, é óbvio, das inúmeras travadas e falta de atitude quando o assunto é sentimento. Culpa das mães? Do sistema? Da genética? De Deus? Sei lá... não estou aqui pra tentar decifrar a origem dessa insegurança. Só sei que mulheres não têm tempo para isso. É verdade que fomos criadas para o mundo, no estilo: já que não nasceu um homem, você precisa se esforçar o triplo pra sobreviver e ser bem-sucedida, se quer o respeito deles. Que, enquanto crescíamos sozinhas já sabendo como sentar-se a mesa, combinar roupas com sapatos, ocasiões, como embalar crianças através de bonecas, nossos irmãos estavam sendo mimados e protegidos por nossas mães, mas não sei se eles ficam moles e inseguros por culpa delas, do sentimento materno ou se por eles passarem maior insegurança, elas os enchem de bolhas e mimos. Só sei que quando eles alcançam a puberdade, se aproveitam do inseguro e se tornam cruéis.
Não digo que meu pai não tenha o direito de viver uma vida somente porque já está ficando velho, mas é de praxe que eles resolvem enlouquecer nessa fase e se acham no direito de exigir compreensão. Ai entra a crueldade, o egoísmo. Eles têm o direito de jogar descarga abaixo tudo o que construímos em família, todos os bens, os valores, o carinho, o respeito, o status, um lar para viver uma aventura porque, afinal de contas, os cabelos brancos chegaram... Mães largam a vida profissional, o cuidado com a própria aparência, a convivência com as amigas por seus filhos e não reclamam, pelo contrário, exaltam isso. Mas os pais não podem deixar de viver uma transa, porque, afinal de contas, o pinto amanhã pode não subir mais e ai, bem... ai todos têm que aceitar porque eles são os bebês que não cresceram e precisam de atenção.... oras, afinal onde está a compaixão e o perdão??? Perdidos no umbigo masculino é que não estão...