domingo, 16 de maio de 2010

O AMOR QUE SE TRANSFORMA EM OBSESSÃO

Existem paixões que de tão fortes e avassaladoras se transformam em obsessão. Acredito que tenha a ver com a autoestima ou até mesmo com algum distúrbio emocional. Mas todos nós passamos por paixões assim, em baixo grau ou de grande perigo.
Um exemplo pra mim é o caso dos Nardoni. A esposa era apaixonada pelo marido. Doente ao ponto de matar qualquer pessoa que se aproximasse e demonstrasse qualquer tipo de ameaçada a ela. Ele alimentava esse ciúme doentio de sua esposa, porque achava graça e gostava dessa sensação de poder e posse sobre a mulher, pois ele mesmo sabia que como pessoa, ser humano e homem, ele somente poderia ser admirado por ela. Foi ai então, nesse jogo de fraquezas, delinqüências e imaturidades que chegamos ao final daquela trágica história que, a meu ver, acabaria assim de qualquer forma. Porque com amores assim não há espaço para outras pessoas, não há espaço para outros amores.
Essa é a minha análise dos fatos desde que escutei essa história monstruosa pela primeira vez. Ele era um filhinho de papai que vivia no mundo da fantasia, bancado pela família esnobe e nunca achou que grandes erros não poderiam desaparecer, já que seu pai sempre dava conta dos seus. Ela, uma apaixonada que conseguiu se casar com seu maior vício e, com isso, aumentou sua dependência.
Não procuro justificar o injustificável e nem sou da área de direito para entrar nesses méritos da questão. Esse raciocínio, na verdade, só surgiu quando me deparei com a lembrança de uma grande paixão e como que realmente não nos interessa quem o outro é nessas situações, mas só aquilo que ele representa para nós apaixonados. Como que endeusamos tanto alguém quando estamos hipnotizados.
A paixão já me enlaçou uma vez assim, com um ciúme brutal, que doía lá no fundo da minha alma ao tentar imaginá-lo distante de meus braços. Eram calafrios e choros durante as noites, sempre longas e solitárias. Talvez por sorte não o tive para sempre e, com a perda, pude aprender a gostar dos outros sem me anular; a gostar de alguém, mas amar mais a mim. Aprendi que quem está ou estará ao meu lado tem que estar feliz e de igual a mim nos sentimentos, sem um lado pesando mais que o outro, sem um lado amando mais que o outro.
Mas e se eu não tivesse perdido? Se não tivesse passado pela abstinência e pela dor da rejeição? Se não tivesse sido afastada e sobrevivido? Será que não teria transformado aquela paixão em uma obsessão a ponto de prejudicar a todos que viessem a cruzar a nossas vidas?
É importante se apaixonar, é importante sofrer por amor, é importante conhecer os dois lados da moeda: amar e não ser amado, ser amado e não amar para darmos valor ao equilíbrio, à serenidade e à paz que somente o verdadeiro amor pode trazer. Pois se a paixão é o fogo, o amor é a brisa que apenas nos refresca e nos faz sentir vivos, sem jamais alterar o percurso das coisas...

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