domingo, 30 de maio de 2010

O AMOR EGOÍSTA

Sinto-me a cada dia mais sozinha, cada dia mais isolada do convívio e da partilha com o outro. Não que eu seja órfã, sem amigos, problemática, mas porque todos estão cada vez mais ocupados com seu mundinho, seus problemas, seus umbigos.
Mesmo rodeada de pessoas em uma mesa, em um shopping, em uma festa, em uma boate, não estamos ao lado de ninguém mais. Porque estar ao lado é toque, é troca de energias, calor. É pele, sensação, é abraço, é arrepio. Cada vez mais preocupados com a felicidade, com o sucesso, com a autoafirmação, nos esquecemos que nenhuma conquista tem valor quando não é compartilhada. A resposta de todas as nossas buscas não está e nunca estará na solidão.
Mas é nesta solidão que todos se afundam cada vez mais, em um caminho sem voltas. Não apenas amigos, conhecidos, mas seus pais, meus pais, seus irmãos, seus parentes, meus parentes. Somos cartas fora do baralho quando nossa existência não influencia mais aquele dado momento tão importante das pessoas. Quando o objetivo do outro é alcançado, somos sempre esquecidos, afinal, não há espaço para ninguém mais que o próprio ego, ele é onipotente. Enfim, não temos mais o conforto de um fiel abraço quando estamos precisando apenas de nos sentir amados, porque não se pode mais perder tempo com isso.
Dentro de mim há um mundo de conflitos, incertezas, tensões, desilusões, conquistas, desafios que eu gostaria de compartilhar, desabafá-los com alguém, mas a correria, a superficialidade e o ostracismo comunitário, me bloqueiam de tentar. Estou tendo que buscar em mim minhas próprias válvulas de escape, meu melhor conselheiro, meu ombro amigo. Nas noites de choro, procuro desabafar com meu travesseiro, com um som abafado para não acordar os vizinhos. Ao sair na rua, olho para as pessoas ao meu redor, vejo que ninguém se esbarra, ninguém se cumprimenta, ninguém se enxerga, porque, afinal de contas, ninguém pode ser incomodado.
E, nesse mundo de amores egoístas, tento me encaixar, tento sobreviver, nem que seja no meu mundo secreto, no meu próprio país das maravilhas. Porque me recuso a baixar a minha guarda e aceitar esse auto-suficiente amor. Prefiro a tristeza de amar e não ser amada, a me amar tanto ao ponto de esquecer dos que me amam, porque, ao contrário do que tentam me convencer, meu sentimento pelo outro ainda vale muito.

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