domingo, 18 de julho de 2010

QUANDO O GRITO DO SILÊNCIO SUFOCA MINHA ALMA

Existem certos sentimentos, certos momentos que, quando retornam a mim, trazem consigo uma dor inexplicável. Esses momentos podem ser revividos com um reencontro, com uma frase, um cheiro ou até mesmo em um simples instante de solidão e, tudo aquilo que um dia eu senti, se reacende.
Sei que aquilo que passou não volta mais, que não devemos nos prender ao que já foi vivido, mas não posso controlar o que vem de dentro de mim. Não posso me impedir de sentir aquilo que está lá no fundo, pulsando em mim. Dizer o que sinto, me abrir, já não adiantaria mais, porque o momento passou, as palavras não saem, as pessoas não são as mesmas.
Certos momentos devem ser aproveitados somente quando acontecem, depois, revive-los já não é mais a mesma coisa. As pessoas mudam, atitudes mudam. O passar do tempo deixa marcas e levanta muros que já não podemos destruir. Se hoje eu dissesse o que ainda tenho dentro de mim, não mudaria a situação em que hoje estamos, não mudaria em nada o rumo que tomamos.
Mas ainda não aprendi a controlar esse grito lá no fundo de minha alma que se desespera em meio ao meu silêncio, não aprendi a deixá-lo livre dentro de mim, não aprendi a não me sufocar a cada vez que tudo isso reaparece para mim e, é isso que me faz desesperar.
São sentimentos meus, uma realidade só minha, um sonho destruído para mim, não cabem a mais ninguém, não interessarão a mais ninguém. Talvez, no momento em que eu externá-los, retirá-los de dentro de mim, eles percam o seu real valor, eles deixem de representar aquilo que representam. Mas nunca foi essa a minha intenção, eu nunca quis minimizar o que sinto, o que quero. Eu nunca quis perder esse elo que tenho com a dor, com a perda, com o medo, com você.
A única coisa que eu realmente quero é aprender a conviver com essa mistura de sentimentos, aprender a conviver com o retorno desses momentos. Quero mesmo é sentir o meu silêncio, desfrutar da minha solidão, abafar minhas lágrimas com um terno sorriso. Quero mesmo é que mesmo sem dizer, você entenda o que senti e ainda sinto por você.

domingo, 11 de julho de 2010

COMO VELHOS DESCONHECIDOS

Sinto uma grande tristeza quando me recordo de grandes amizades que se foram, que não conseguiram suportar a força do tempo e da distância. Não consigo me conformar em ter sido tão íntima, tão presente na vida de determinadas pessoas e hoje não passarmos de velhos desconhecidos que meramente acenam com a cabeça quando se cruzam em calçadas opostas.
O que mais me decepciona é saber que lutei com todas as minhas forças para que isso não acontecesse. Como uma criança e sua inocência, acreditei que aquilo que foi construído em nossa infância, as juras de amizades, seladas com abraços e trocas de objetos, seriam sacramentadas e respeitadas.
Sei que novas realidades, novos caminhos vão surgindo em nossas vidas e nos afastando pouco a pouco de muitos, não tem como escapar, iremos perder muitas pessoas nessa estrada da vida, mas isso não me impede de chorar e me decepcionar, porque, afinal de contas, se fossemos tão especiais para determinadas pessoas como elas foram para nós, nem mesmo todos obstáculos conseguiriam destruir o que tivemos.
Aqueles que marcaram minha infância, minha adolescência, que compartilharam comigo experiências inesquecíveis, eu queria levar para toda a vida ao meu lado. Como nos filmes de grandes amizades que, mesmo após casamentos, filhos, viagens, divórcios e todo tipo de futuro, as amigas estão sempre ali, num mesmo restaurante, em um mesmo encontro, dando todo o suporte e participando de todas as etapas, sempre umas com as outras. Mas não posso dizer que aconteceu assim, não com todas as amigas, não comigo.
O que me tranqüila é saber que ainda tenho algumas dessas amigas ao meu lado, mostrando que a inocência não foi toda quebrada, que a promessa pode ser cumprida. Que, quando para os dois lados existe a mesma importância e o mesmo amor, nada pode atrapalhar a união. Não precisamos estar sempre perto, não precisamos sempre nos encontrar para sabermos que estamos juntas, somos parte umas das outras. Quando realmente precisamos, elas estão ali, como se nunca tivessem saído.
Tenho muito orgulho de saber que conquistei amizades verdadeiras, que tenho irmãs fieis que fariam de tudo para me ver feliz. Isso me conforta, me fortalece, me dá o suporte que preciso para encarar os problemas, os obstáculos, a vida. Mas para aquelas que perdi, que me deixaram pelo caminho, me resta dizer ainda que: sinto muita falta de vocês!

domingo, 4 de julho de 2010

O CASAMENTO NÃO É MAIS PARA SEMPRE

De acordo com as estatísticas, em cada quatro casamentos, um termina em divórcio. Quando li isso, fiquei alarmada. É um número muito expressivo e chocante para passar despercebido.
Eu cresci pensando que um príncipe apareceria, em forma de um verdadeiro amor, começaríamos a nos conhecer, namoraríamos, freqüentaríamos ambas as famílias, ficaríamos noivos, planejaríamos nosso futuro conjugal e nos casaríamos, já prontos para compartilhar toda uma vida eterna. Mas, o que vem acontecendo na nova realidade tem me chocado e feito repensar minhas antigas ilusões.
A facilidade e liberdade dos novos relacionamentos tiraram o encanto do casamento. Quando as fases eram bem delimitadas, as regras muito bem impostas, o casamento era visto como o auge das realizações, o degrau máximo que um casal poderia chegar. Casava-se sabendo das dificuldades de uma vida a dois, talvez com mais ingenuidade e até mesmo com um pouco de ilusão, mas com certeza com mais consciência de tolerância e companheirismo, pois o outro teria que ser visto como o parceiro para a vida inteira, não se podia voltar atrás nas escolhas. É verdade que assim, muitos casais viveram infelizes, na obrigação de permanecer ao lado de quem se achou amar uma vez, mas se arrependeram anos depois da escolha. Mas também, era mais concreto e duradouro o amor quando ele não era um simples adjetivo, mas o verbo de uma relação.
Quando se tinha por obrigação fazer dar certo um relacionamento, quando se acreditava que um juramento tinha seu verdadeiro valor, o amor tinha que ser o principal elo de um casal, nele eles se apoiavam para exercerem a tolerância, o companheirismo, a lealdade e a cumplicidade. Quando tudo estava confuso, difícil, conturbado, a certeza que o juramento era sagrado e que o amor deveria superar os obstáculos fazia com que os casais respirassem fundo, tomassem fôlego e, de mão dadas, seguissem adiante.
Mas, hoje, com as diversas facetas que o relacionamento aderiu, com os diversos tipos de vida a dois, o amor tomou a forma de adjetivo e passou a ser passageiro e leve, mas também menos importante. Enquanto for ardente, caloroso e proveitoso um relacionamento, ele vale a pena. Mas surgiu um pequeno contratempo no meio... é chegada a hora de abandonar o barco. O amor cedeu lugar a paixões, que são avassaladoras, marcantes, mas sem nenhuma base, sem fixação.
E assim, a coragem de me entregar a alguém se tornou quase que impossível, porque com certeza eu serei alegre, moleca, divertida, admirável, flexível, forte, decidida, mas também acordarei confusa, deprimida, fragilizada, carente, insegura e será nesse momento que deixarei de ser mais atraente e, sem o amor, você pulará fora. Afinal, é o que todos fazem hoje em dia.
“Que seja eterno enquanto dure”, já dizia o poeta. Mas tem durado tão pouco não?