quarta-feira, 27 de outubro de 2010

NOSSA VELHA INFÂNCIA

Vocês já perceberam que existem momentos, situações, cheiros, objetos e pessoas que nos remetem a nossa infância. É aquele momento onde bate uma nostalgia e conseguimos sentir até mesmo o gosto daquele tempo... É um gosto de chuva no campo, aroma de comida no fogão à lenha com uma sensação dos pés tocando a areia molhada. Um despertar de emoções que não dá pra explicar.
Isso acontece quando encontramos aquela amiga de colégio, aquela a quem contávamos nossos mais íntimos segredos e dividíamos inúmeras descobertas. O tempo passou, ela já pode estar casada, com mestrado, doutorado, você trabalhando, com filhos. Mas, no momento em que se encontram, é como se o tempo nunca tivesse passado. A intimidade, os assuntos, os risos, as brincadeiras e piadas são as mesmas. Vem a sensação de que estamos novamente em casa.
Ou quando cruzamos com aquela paquera... O suor nas mãos, o frio na barriga, a risadinha sem graça e as bochechas vermelhas voltam como se nunca tivéssemos deixado de amar aquele rapaz, mesmo quando na verdade já amamos alguns outros e até mesmo constituímos outras histórias. Naquele momento não importa, ele volta a ser o ponto central de sua existência. E é impressionante como que mesmo com os quilos a mais, um pouco careca ou com óculos, talvez, ele não mudou nada... Aos seus olhos, vocês são os mesmos adolescentes e tudo o que ele lhe diz faz o maior sentido. Você consegue se lembrar até mesmo do sabor dos beijos dele, não é mesmo? Lábios quentes, aquele mesmo perfume, abraço apertado. Bate novamente aquele calafrio na espinha. E pronto. Você se dá conta de que um primeiro amor realmente a gente nunca esquece.
E quando encontramos uma comida, um doce, ou um objeto que nos transporta para uma situação específica, um momento marcante na vida que havia ficado pra trás? É como se tivéssemos nos traído durante todo esse tempo, nos escondendo daquilo que sempre esteve ali conosco. É uma sensação de vazio e vontade de começar tudo outra vez. É o ponto exato em que o choro se transforma em sorriso e vice-versa.
Situações como essas e muitas outras retornam a nossas vidas inúmeras vezes, em inúmeras épocas, para nos mostrar e nos lembrar do quão gostoso é viver a vida. Para nos lembrar que pessoas, coisas, situações nos deixam marcas, fazem a nossa história e nos constroem. O que seria de mim agora sem minhas lembranças? Sem meus choros, incertezas, realizações e algumas descobertas? Eu não teria palavras para os meus textos e nem emoções para compartilhar. Porque nostalgia, saudade e história fazem muito bem pro coração. Fazem muito bem pra alma!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

POR QUE VOCÊ PREFERE PAIXÕES FUGAZES AO MEU AMOR VERDADEIRO?

Encontrar o amor é hoje uma tarefa quase impossível. Já não sei mais onde posso esconder minha sensibilidade, minha vontade de compartilhar, meu desejo de encontrar. Porque a reciprocidade masculina está cada vez mais escassa.
Dizem que tem a ver com a teoria da demanda e da procura. Há muita demanda, muita mulher disponível e que não exige nem mesmo o bom dia para iniciar uma relação. São elas que se aproximam, jogam o charme, ganham na sedução e levam os mocinhos para casa. Eles não precisam fazer nada, absolutamente nada, apenas desfrutar de suas artimanhas e malícias sexuais, elas já vêem prontas, não precisa nem esquentar.
E quando se tem a oferta sobrando, quando se está ganhando sem nem ao menos precisar jogar, pra que então tentar se aprofundar em alguém? Tentar dar qualidade a algo que eles já têm em tanta quantidade? Não é à toa que estamos sozinhas sempre... Sozinhas sim, aquelas que, como eu, ainda precisam ser cortejadas, se sentirem desejadas, precisam ser seduzidas e gostam de ter a certeza que haverá uma paquera, uma pequena aproximação, trocas de olhares e de palavras, antes da concretização, do enlaço.
Não quer dizer que somos santas e nem puras. Não é essa a questão. Gostamos apenas de sermos ouvidas, de nos apaixonar, de nos entregar e aprofundar. Queremos nos sentir especiais, jóias raras para aquele belo rapaz. E é ai que estamos ficando para trás nesta grande fila. Não temos a coragem e a vontade de brincar nesta selva, perdemos o encanto no tratamento recebido pelos homens e aprendemos a ficar nas quinas, nos cantinhos apenas observando, esperando aparecer alguém que não esteja no meio de tanto circo.
Nós não somos mulheres “Pin Ups”, não fomos criadas para sermos apenas peitos, bundas e desejos sexuais. Nós queremos sexo, queremos fogo, queremos sedução, mas também queremos companhia, troca de segredos e companheirismo. Queremos ser “amantes calientes”, amigas, companheiras e conselheiras. Somos boas em paixão, mas também sabemos conversar e temos competência e inteligência para nos aprofundarmos. Queremos ser um casal e não um encontro casual.
Mas o que podemos fazer se vocês preferem paixões fugazes a amores verdadeiros? Qual será o destino de nós mulheres, hoje tão diferentes do senso comum? Onde vamos encontrar esta companhia? O pai para nossos filhos?
Eu não sei a resposta, mas posso dizer que estou me acostumando... Acostumando com minha mais solidária companheira, a solidão.