terça-feira, 4 de junho de 2013

MÉMORIAS DE UM AMOR NÃO VIVIDO

     Como contar ao mundo algo que não aconteceu? Mas como não aconteceu se foi tudo tão real para nós dois? Ter um amor não vivido é deixá-lo sempre dentro do coração e, de uma certa maneira, desistir antes mesmo dele ser amor.
    Quantas vezes não encontramos uma pessoa e vemos nela qualidades que ela mesma não acredita possuir? E não tem como colocar um espelho na alma e fazer com que essa pessoa enxergue o quão bonita ela é, pois as máscaras e as cicatrizes que ela impôs em si já não permitem qualquer tipo de reflexo. E, dessa maneira, ela cria uma barreira indestrutível entre você e ela. Lutar contra essa barreira cansa, desgasta, fere e ela não sai do lugar.
      Eu quis viver esse amor. Imaginei nós dois vencendo nossos medos, nossos traumas, nossas antigas angustias. Imaginei você me amparando e eu te segurando. Imaginei que pudéssemos nos cuidar, nos amar, criar uma cumplicidade e um companheirismo em um mundo só nosso. Acreditei que a Dorothy conseguiria dar coragem ao leão, coração ao homem de lata e cérebro ao espantalho.
        Eu construí um mundo de Oz tão bonito para nós, mas você não quis habita-lo. Você me sabotou em todas as investidas e, como uma guerreira, eu lutei, lutei contra a dor, contra a rejeição, contra a sua autopiedade, mas não poderia lutar contra você dentro de você. Já era uma luta perdida e eu, como boa guerreira, não consegui enxergar. Preferi morrer por dentro e tentar te salvar. Foi uma batalha em vão.
        Saber a hora de recuar também faz parte das estratégias de um bom guerreiro. Eu quis muito viver esse amor, eu quis muito te amparar em meu peito, te ninar para dormir, contar histórias ao anoitecer e acorda-lo com beijos de bom-dia. Mas antes de cuidar, eu percebi que também preciso de cuidados. Antes de amar, eu percebi que também preciso ser amada. Eu não posso ser a mãe de alguém que nem mesmo é órfão. Eu não posso me doar, doar, doar e não ter de volta nada para substituir toda essa energia desprendida. Dar sem receber não é amor, é apenas caridade.

  Eu me preocupei tanto em te conquistar, em te dar segurança, em te dar minha admiração que não percebi que em nenhum momento você se preocupava em me conquistar, em nenhum momento você tentou me admirar, em nenhum momento você tentou me dar a segurança necessária para acreditar nos seus sentimentos. Eu percebi, enfim, que acreditei em nós sozinha.
            Te deixar partir vai ser mais uma dor. Mas quando eu arrisquei, no fundo eu sabia que teria um prazo de validade curto, eu sabia que você era perecível demais. Só quero que você saiba que eu tentei, eu quis, eu lutei e que poderia ter sido tanta coisa. Poderia ter sido amor, poderia ter sido cumplicidade, poderia ter sido afeto, mas você escolheu ser saudade. Uma pena...

Fotos retiradas do Google / Vídeo do Youtube