terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

RESPEITO, CONSIDERAÇÃO E AMIZADE, NÃO É PEDIR MUITO?

Não sei se é por jogo, por medo ou porque as relações estão ficando cada vez mais superficiais, mas a falta de respeito e consideração com o próximo, principalmente quando se trata de uma relação a dois, tem se tornado cada vez mais constante.
Normalmente, procuro conhecer primeiro as pessoas antes de me relacionar com elas. Acho que tem a ver com meu signo sentimental ou talvez seja um resquício de minha criação interiorana, mas o que acontece é que eu sempre me envolvo antes mesmo do primeiro beijo. Não é uma questão apenas de romantismo ou paixão. Antes de qualquer coisa, eu gosto de colecionar amigos.
Porém, o que ocorre quase sempre é que, enquanto é de interesse da outra parte as coisas ficam ótimas, há um interesse mútuo no bem-estar do outro. Mas passou a satisfação momentânea daquele prazer, eu quase sempre me sinto literalmente guardada em uma gaveta. É, porque ninguém chega diretamente e diz aquilo que se passa ou aquilo que irá acontecer, porque prefere deixar no “stand by”, na dúvida se amanhã pode vir a se interessar por você novamente. E, é assim que passamos do estágio de pessoas para objetos.
É tão difícil assim? É muita exigência da minha parte quando peço um pouco de consideração, respeito e carinho amigo? Qual o drama de se dialogar, dizer ao outro aquilo que pensa e se deixar entregar a uma bela amizade? Atender a um telefonema, ser gentil, responder a uma mensagem, conversar por alguns minutos não é nenhum pedido de casamento, é só uma chance de conhecer o universo do outro, o indivíduo que, com toda sua história, pode nos acrescentar conhecimento e compaixão.
Perdemos o interesse nas pessoas numa busca incessante pelo prazer. Num mundo tão materialista estamos nos deixando materializar e tudo isso por um medo ridículo de demonstrar qualquer tipo de sentimento. Acho que vale lembrar que sentimento não é sinônimo de fraqueza e que ter carinho por aqueles que cativamos é mais nobre do que se pode imaginar.
Cansei de escutar que o erro está em mim, porque crio expectativas demais nos outros e sonho com o impossível. Não, não é mesmo. Não pode ser errado eu querer ser respeitada, querer manter vínculos e fazer parte da vida de alguém depois que aquela pessoa me conheceu no meu mais profundo íntimo. Não sou exigente ao pedir que sejam sinceros, que exteriorizem aquilo que os perturbam, que sejam apenas meus amigos.
Não sei como algumas pessoas conseguem entrar na vida de alguém e querer sair sem fazer barulho, como se isso fosse apagar o fato de um dia já terem entrado ali. Não temos um botão de liga e desliga e não é justo que tenhamos que esquecer uns aos outros e nos tornemos velhos desconhecidos ao nos cruzarmos nas ruas. Eu quero somar: somar amigos, somar carinho, somar atitude. Eu quero pessoas em quem eu possa confiar, que eu possa ligar de madrugada pra dizer que tive um pesadelo e estou com medo ou que tive um belo sonho e queria compartilhá-lo. Eu quero ser bem velhinha um dia e me lembrar com certa nostalgia de cada ser que passou por minha vida, porque de alguma maneira ele foi especial e me transformou em quem eu serei. Porque essa é a graça de se ter um relacionamento, esse é o verdadeiro sentido de viver: deixar-se conhecer por alguém.
Então, me faça apenas um favor? Não entre na minha vida se não pretende ficar, pois a indiferença é algo que me dói muito.

Um comentário:

  1. Amiga, adorei... Vou pedir esse favor também!
    Estou adorando cada vez mais seus textos. Parabéns...

    Beijos

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