sábado, 21 de agosto de 2010

FUI CRIADA PARA SER UM HOMENZINHO E AGORA?

Desde que me entendo por gente escuto que preciso pensar no meu futuro, estudar, me dedicar, trabalhar, pensar sempre na minha independência porque somente nós podemos garantir a nossa felicidade. Nunca aprendi a cozinhar, limpar a casa, não fui apresentada aos garotos ricos e nem mesmo incentivada a casar. “Burra é a mulher que hoje em dia pensa em se casar e ter filhos. Você precisa é de uma profissão”, já dizia minha mãe.
Mas e quando os anos passam, você se forma, faz diversos cursos de línguas, se esforça, mas a independência nunca chega? E quando você ainda não se casou, é verdade, mas precisa dar satisfação dos seus passos ao seu pai, porque você ainda depende dele? O que fazer nesse momento? Em qual ponto então que você se perdeu?
Se você encontrar essa resposta, por favor, me informe também. Sinto-me cada vez mais perdida e angustiada porque na minha idade meus pais já eram casados, já eram adultos e já tinham, até mesmo, me gerado. Eu dei o melhor de mim e tentei seguir os seus conselhos. Na dificuldade de me decidir, escolhi minha profissão, estudei, batalhei estágios, fiz cursos, me dediquei, fui sempre aluna exemplar, aproveitei cada oportunidade que surgiu, mas e ai? Onde estou? Na mesma adolescência tardia de muitas pessoas da minha idade, na mesma dependência financeira de uma criança de 05 anos de idade, sem a menor perspectiva de mudar isso em curto prazo. É como se o tempo tivesse se petrificado e não houvesse outra solução.
Está difícil conseguir me encontrar, encontrar o emprego certo, algo que me dê total prazer em fazer e que me garanta o meu próprio sustento e isso me deprime e me desespera, porque já está enraizado em mim o desejo pela tão sonhada independência. Sou de gênio forte, brava, autoritária e decidida, mas como continuar a me impor quando não consigo ser dona de mim? Como não parecer apenas uma arrogante mimada quando se tenta prevalecer suas vontades, se na verdade não sou mesmo responsável pela minha vida?
Pode não ser doloroso para algumas pessoas, pode parecer normal esse processo enquanto não se casa e não se tem filhos, mas para mim tem sido muito difícil abrir mão, involuntariamente, de já ser alguém, de ter meu nome, meu reconhecimento, meu caminho trilhado. Desespera-me saber que ainda não faço a menor idéia de onde estarei daqui 05 ou 10 anos, de quem serei, do que farei. Não tenho mais esse tempo de escolhas, não posso mais errar. Escolhi não cuidar das crianças, não ser a dona de um lar, agora não tem mais volta, já está dentro de mim a vontade de vencer, a vontade de me libertar. Sinto a culpa doer a cada manhã que me vejo perdida, a cada conta que chega e não sou eu quem a pago. Posso até me casar um dia, ou não... posso ter filhos, ou não. Eu realmente não me importo. Mas será insuportável saber que não pude me garantir sozinha. Será desesperador saber que dependo de alguém. E então? O que fazer?

sábado, 7 de agosto de 2010

TE DESAFIO A ME AMAR

Num primeiro olhar eu posso ser grossa, estúpida, forte, prepotente. Posso parecer uma rocha inquebrável e inalcançável, Posso parecer que não preciso de você e de mais ninguém, que abraço minha solidão e a transformo em minha própria existência.
Não vou negar que isso às vezes é a minha verdade, não vou negar que aprendi a viver e sobreviver contando apenas comigo, com minha força, com meus sentimentos. Mas se você tiver a paciência de analisar, se tiver a curiosidade de desvendar o mistério, saberá que também posso ser amável, leal, amiga, carinhosa, sincera e protetora. Que após ser conquistada sou capaz de jurar amor eterno e cumprir minha palavra enquanto você assim também me amar.
Após uma certa convivência, você poderá perceber que minha bravura, grosseria e até estupidez não passam de um mal jeito que tenho de expressar minha sinceridade, é a aversão que tenho à mentira e à hipocrisia que causa esses pequenos efeitos colaterais.
Não tenho toda essa segurança que tento transparecer, não sou tão confiante de mim e me gabo de qualidades que não tenho pra te impressionar, apenas criei cascas para me proteger e vi que é mais valioso quando demonstram sentimentos por alguém que realmente conheçam. Meu amor, minha confiança, minha amizade são sentimentos raros e é preciso merecê-los para alcançá-los.
Tenho a personalidade forte que pode assustar, tenho um sexto-sentido bastante apurado que por vezes pode te repelir, sinto ciúmes que chegam a arrepiar minha nuca se penso que alguém pode vir a ocupar meu lugar, tenho uma facilidade em perder a paciência e gritar que não tentarei jamais negar, mas sei também como posso ser incrivelmente inesquecível, como ser solidária, caridosa e o colo mais confortável se você precisar. Posso ser todas as mulheres de uma só vez, de monotonia você nunca vai poder me acusar.
Mas para transformar tudo isso em realidade, para testar se realmente será assim, para entender quem realmente sou, você terá que ter a coragem de tentar, a escolha é só sua e dela dependerá quem amanhã seremos. E então? Eu te desafio a me amar...
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