Andar de patins e se
apaixonar depois dos 30 pode ser perigoso. Eu diria quase fatal. E vou explicar
a relação....
Quando você é adolescente e se
arrisca nos patins, os tombos só geram alguns arranhões e rapidamente você está
lá, em cima das rodinhas de novo, arriscando suas manobras radicais e rindo dos
tombos que já levou. Nos namoricos também. Quem nunca se machucou numa paixão avassaladora
e dois dias depois nem se lembrava mais do digníssimo rapaz? Meia hora de
voltinha na rua já proporcionava um novo amor, uma nova descoberta, uma nova
história. Capítulos curtos preenchiam grandes livros.
Agora vai arriscar subir nas quatro
rodinhas depois dos 30? Meu Deus, o equilíbrio já não é mais o mesmo, a dificuldade
de sair do lugar, a dor nas pernas, o medo quase surreal de tentar fazer uma
pequena curva. E o freio??? Gente, o freio é inalcançável. Como eu conseguia
frear alguns anos atrás? Talvez seja a mesma explicação para eu não saber nem
mesmo frear uma relação que desce ladeira abaixo desgovernada. (rsss) A gente
simplesmente perde a noção de como parar.
Se apaixonar depois dos 30 é sinal
de alerta integral. Os movimentos são mais pesados, se envolver e depois virar
na curva já não é tão simples, demanda uma estratégia planejada em longo prazo.
(Eu mesma vou precisar de mais umas cinco ou seis andadas pra arriscar uma
curva nos patins e mais uns cinco ou seis meses para me arriscar em outra
relação). Depois dos trinta as coisas ficam bem puxadas.
Mas isso não significa que não possa
ser ainda mais divertido. Andando com meus belos patins no final de semana, me
deparei com várias trintonas arriscando no “velho” brinquedo novamente e posso
dizer que a alegria de estar ali, sobre aquelas rodinhas, que agora são obstáculos
bem mais difíceis, estava estampada no rosto de cada uma. Nos divertimos com a nossa
nova percepção de um mesmo objeto e lugar. Algumas, mais corajosas esqueciam
por instantes do que passaram momentos antes e se jogavam em alta velocidade,
ao que gritavam minutos depois: Socorro, eu não sei parar. E todas caíamos numa
gargalhada uníssona. Pode ser mais difícil, mas também se tornou bem mais
prazeroso. Aproveitar cada segundo, cada superação torna uma coisa que era tão
boba, como andar de patins (ou se apaixonar), bem mais valiosa. É isso.
Aprendemos a dar mais valor depois dos 30. Damos valor até mesmo ao chocolate.
É, porque depois dos 30, um bombom vai, milagrosamente, todinho pra cintura. Mas
isso já é papo pra outro post.
Enfim, andar de patins, skate, ski,
bicicleta ou se apaixonar depois dos 30 se torna um heroísmo. É extremamente
gratificante, proporciona uma satisfação imensa, mas é preciso vencer barreiras
pesadas, que com a carga que trazemos se tornaram bem complicadas. Ficamos mais
receosas, ressabiadas, mas também não choramos à toa. Aprendemos a arte de
gargalhar de nós mesmas e até a sermos solidárias umas com as outras.
Entendemos melhor da dor e nos ajudamos, seja num domingo de sol ou sexta de
chuva. Descobrimos que o segredo todo da felicidade está somente na leveza
Então,
se joga nessa vida com seus patins e seus amores, com ou sem proteção de quedas,
mas seja feliz sempre!!!!
Fotos retiradas do Google / Vídeo do youtube