terça-feira, 18 de outubro de 2011

E AI? QUAL A SUA TRIBO?

Existe uma dualidade constante quando se trata da vida em comunidade. Ao mesmo tempo em que as pessoas desejam ser diferentes, para se destacarem em meio à multidão e se fazerem sentir vivas, essas mesmas pessoas também querem ser iguais aos seus, querem ser aceitas pela tribo a qual pertencem. É meio complexo e ao mesmo tempo tão óbvio de entender.
Já nascemos com características que automaticamente nos colocam em determinados grupos e nos excluem de outros, é inerente a nós. É como nascer anão, ser magro, negro, branco, homem ou mulher. São separações naturais que vão se firmando à medida que vamos nos desenvolvendo. Na escola, meninas têm assunto de meninas, brincam com meninas, contam segredos para meninas. Meninos brincam de carrinho. Os populares se juntam no recreio, os excluídos também.
Mas e quando não se aceita a condição natural em que nasceu? Quando o homem se sente mais a vontade e quer na realidade estar rodeado de amigas? Ele gosta dos mesmos assuntos, se familiariza com seus gostos. E quando a menina na verdade quer ser menino? Quando a loirinha angelical que vai pro catecismo decide na puberdade que quer o cabelo raspado, roupas pretas e tatuagem de dragão nas costas? Isso se transforma em pesadelo para a divisão de castas sociais? São aberrações? O que essas pessoas buscam de fato?
O desejo de sermos únicos, de fazermos diferente é comum a todos os seres humanos. Cada um busca a sua maneira se encontrar, descobrir seus verdadeiros gostos, se desprender das amarras sociais (outros desejam se prender a essas amarras). Na fase adolescente isso é chamado de rebeldia. Mas para mim vai além de ser um rebelde, é quando na verdade o individuo toma forma, ele descobre seus reais valores e vai em busca do seu encontro. É quando ele diferencia o que a sociedade tenta impor para ele ser e o que ele realmente é. Quando uma pessoa decide fazer uma tatuagem por exemplo ou colocar um piercing hoje, vai muito além de uma mera rebeldia. O grupo dos tatuados não é mais aquele de antigamente, ligado aos presos e marginais. A tatuagem ganhou status de linguagem corporal. É mais uma forma de expressar um sentimento, um momento, marcar uma história em seu próprio corpo. É um estilo de vida. Quando um senhor de idade decide deixar o cabelo crescer, montar em sua moto e rodar o mundo, é o grupo dos maluco-beleza?
Independente da idade ou da fase em que nos encontramos, estamos o tempo todo em busca de nossa individualidade, na busca constante por nossa essência e, ao mesmo tempo, queremos encontrar aos nossos semelhantes. Queremos ser diferentes, mas jamais sozinhos. E, ao buscarmos nossa diferença, esquecemos do direito do outro de ser diferente. Queremos nos desprender das amarras sociais, julgamos fútil e mesquinha essa divisão de castas, mas condenamos o tempo todo àquilo que não entendemos. Um grupo heterossexual condena aqueles que são homossexuais, os julgam menores, aberrações, desprovidos de razão. Já os gays cismam em qualquer conversa afirmar que todos são na realidade gays, só não se descobriram (já ouvi isso trocentas vezes). Pessoas tatuadas demais e com estilo liberal são taxadas de sujas e vulgares pelo grupo de patricinhas e mauricinhos, elitistas sociais. Bares alternativos, por outro lado, não vêem com bons olhos um grupinho mais elitista e “bem vestido” freqüentando seu ambiente, viram motivo de chacota e até mesmo de intimidação.
Ser diferente é nosso desafio, essa descoberta é o que nos faz ir além. Descobrir nosso grupo de afinidades, nossa tribo é o melhor presente para o fim da solidão, mas precisamos entender que cada um tem seu grupo, cada um tem suas escolhas e impor as nossas é o mesmo que manter o sistema na mesmice. O que faz o mundo girar e as pessoas crescerem é exatamente a pluralidade das formas. O mundo seria muito sem graça se fosse só de uma cor. Tem harmonia mais linda que as diferentes cores de um arco-iris? Uma orquestra não tem futuro se for composta de um só tipo de instrumento. Respeitar o espaço do outro, aceitar as diferenças, conviver com o que parece bagunçado pode ser no inicio assustador, mas tente encarar, aposto que será divertido!



Fotos retiradas do Google

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