terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O ÚLTIMO BILHETE QUE NÃO ESCREVI

Chegou a hora de recolhermos nossos cacos, refazermos a nossa bagagem e seguirmos em frente. Esse é o momento mais difícil. Aceitar que nos enganamos, que fomos ludibriados pelas fantasias de um momento e que nada daquilo que foi sonhado realmente foi compartilhado. Mas como nos convencer de uma hora pra outra a liberarmos o outro sem sofrer? Como avisar dentro de nós que agora estamos sós entre nós de novo?


Ao conhecer uma pessoa criamos expectativas, temos anseios, sonhamos acordadas o tempo todo. É inevitável, é o mais puro sintoma da paixão. E, mesmo que nos digam para irmos mais devagar, para levarmos em conta seu histórico anterior, para pensarmos em como ele tem se relacionado com outras pessoas nos últimos tempos, nós sempre acreditamos que com a gente será diferente. Não importa! O que bateu entre a gente foi sincero. Pode ter sido sim, nada impede. Mas daí a ser o diferencial para ele mudar tudo por você já são outros quinhentos...

No inicio é legal e saudável até o descomprometimento. Ele sai com os amigos dele, vai pra farra dele, vive a liberdade dele e você vive a sua, sai com suas amigas. Você se sente aliviada, pode ser você, ter sua independência e ter alguém, tudo ao mesmo tempo. Isso é muito bom. Só que quem tem muito tempo para os amigos começa a ter pouco tempo pra você. No inicio é gostoso isso, mas tudo precisa de uma evolução e, ao ficarem parados neste mesmo modelo de relação, tudo começa a perder a graça.

Porque uma relação não tem mistério, mas tem muitas armadilhas. Equilibrar a individualidade e saber demonstrar seu interesse ao outro não é uma tarefa fácil. O mais comum é a individualidade se tornar egoísmo e o outro se transformar em objeto onde você pega e guarda no momento que achar conveniente e daí para o envenenamento da relação é um pulo. Pois, aquele que se sente deixado de lado começa a se sentir vazio, começa a se sentir mais um no meio de tantos. A insegurança toma conta e, como ele já viveu isso antes, em outras situações, ele sabe que chegou a hora de buscar novos caminhos. E, uma relação que parecia ser tão madura, que parecia ser tão gostosa começa a definhar. Não por falta de carinho, não por falta do gostar, mas por já sabermos que apenas sentir não dá futuro a ninguém, é preciso um alicerce. É preciso conversar.

Mas como chegar pro outro e dizer que não está mais legal solto assim sem parecer pressão? Sem parecer cobrança? Porque a vontade deveria vir de ambos e a evolução da relação ocorrer de forma natural não? Algo que é cobrado, que precisa ser pedido pode se tornar forçação de barra. Quem quer ficar junto chama pra sair, chama pra um cinema, um chopinho no fim da tarde, faz questão por si da presença do outro. Deseja conhecê-lo, saber mais sobre suas aspirações, ideologias, manias e manhas. Se é preciso pedir é porque essa vontade não foi despertada, concorda?

E, se um tempo passou, se a necessidade começou a aflorar em você e não no outro é porque não era pra ser né? Quando é para ser tudo conspira a favor. Se nos tornarmos permissivas demais e tentarmos criar justificativas para o injustificável, a situação ficará da mesma maneira até que ele encontre alguém que faça tudo valer a pena pra ele e você recebe um belo chute na bunda. Porque não existe essa de momento certo. Existe apenas o querer fazer dar certo. Então minha amiga, me ajude aqui com minha mala, eu te ajudo com a sua e vamos criar coragem e sair do comodismo. É como diz o grande escritor Caio Fernando Abreu: “Vamos acordar! Tem gente furando fila e sendo feliz no nosso lugar.” Nada de mágoas, nada de ressentimentos. Não há culpados para algo que simplesmente não rolou.

“Quero que você seja feliz. Hei de ser feliz também depois...”

Fotos retiradas do Google



Vídeo do youtube

Nenhum comentário:

Postar um comentário