Hoje
fui surpreendida com a felicidade dos amigos nas redes sociais e descobri: é o
Dia dos Solteiros. Um monte de animações, frases, textos sobre a importância de
estar sozinho, de ser feliz consigo mesmo. A comparação com os que andam em
pares como se a solidão fosse prova de maior inteligência e exigência. “Não é
qualquer um que me leva, depois que aprendi a ser feliz sozinha. Fiquei mais
exigente comigo mesma”, foi uma das inúmeras frases que li. Seria muito
produtiva, se não fosse hipócrita.
A verdade é que todo mundo, ou pelo
menos a imensa maioria, gostaria de ter alguém ao lado, um apoio fiel para
conversar, um companheiro leal para desabafar. O Dia dos Solteiros me soa mais
como a vingança ao Dia dos Namorados do que um alívio real por ser solto no
mundo. É como se a massa não pensante que nos tornamos gritasse: Olha só, vocês
esfregaram o amor melado de vocês na nossa cara há dois meses, não foi? Nos fizeram
repensar nossas escolhas perante o comportamento contemporâneo? Então agora
invejem nosso dia. Nós podemos sair de segunda a segunda com nossos amigos.
Podemos encher a cara e cair no chão, pois nossos amigos vão rir e não dar
esporro. Podemos comer geral por ai. Cada dia uma e não decorar as posições que
faremos mais tarde na cama. Olha como somos mais felizes! Sério mesmo?
Por uns instantes todo casal pensa
em ser solteiro. Realmente a não preocupação com o outro traz uma certa
nostalgia e ar de liberdade. Mas quando o casal realmente se encontrou, quando
se trata de uma relação verdadeira, essa falta de liberdade a todo tempo é
suprida pelo desejo de estar realmente junto. Um casal que se entende, que se
completa, sabe respeitar a individualidade do parceiro e comumente um deles pode
ser encontrado avulso, na esquina, tomando uma cervejinha com os amigos pra
colocar o assunto em dia. Quando se é um casal de verdade, um realmente pensa
no outro, no bem-estar, na satisfação, mas com prazer. Faz planos em conjunto,
compartilha seus problemas e suas vitórias, mas por ter certeza que ali reside
o seu melhor amigo(a). Nada de obrigação, cumplicidade apenas. E ele faz isso
porque sabe que não é obrigado, que pode bater a porta e sair quando quiser,
apenas não sente essa vontade. Quando se encontra realmente alguém que te
acrescenta, os amigos perdidos se tornam dignos de pena.
É obvio que jogar a sua felicidade
em cima do outro é o caminho mais curto para a decepção. É possível sim se
satisfazer consigo mesmo. E deve ser assim. Devemos nos orgulhar dos nossos
feitos, de quem nos tornamos, correr atrás dos nossos objetivos, cuidar dos
nossos entes e amigos. Plantar as nossas sementinhas. Mas existe uma grande
diferença entre esse amadurecimento interno real e a ficção lunática de putaria
descomedida que tanto nos iludimos nos tempos de hoje.
Ser
você mesmo, se conhecer, se encontrar realmente são aprendizados adquiridos com
o tempo e com um pouco de solidão, mas quem sai por ai se leiloando como
mercadoria usada não está usando esse tempo pra se conhecer como acha não. Sair
por ai tendo relacionamentos superficiais também não é a chave para a
felicidade. Quando os escritores e filósofos dizem que a felicidade está dentro
da gente é exatamente no conhecimento interno, no aprimoramento pessoal a que
eles estão se referindo e não ao “não sou de ninguém, eu sou de todo mundo”,
não confunda minhoca com cobra. Pensando assim, você, além de encalhado(a), é
um tremendo imbecil e nada de grandioso existe em você para trazer-lhe a tão
sonhada felicidade.
Ser
solteiro, casado, namorado, divorciado, viúvo não é status, não é sinônimo de
felicidade, é condição. Não é um estado permanente, tudo muda. Tudo caminha,
tudo evolui. Hoje se está casado, amanhã divorciado. Fazer disso uma bandeira é
uma tremenda ilusão. A verdadeira bandeira que deveríamos levantar é a do veto
ao superficial, ao banal. Pode-se ser solteiro hoje, namorado, casado, mas
deve-se ser por inteiro, aproveitar a estadia desse status, porque ele também
passa!
Não
posso ser hipócrita comigo e dizer que não gostaria de encontrar alguém bacana,
legal, uma relação realmente honesta e de cumplicidade. É tudo o que mais
desejo! Mas também, se for pra ser só um status, pra manter na página de
facebook... Ai, meu amigo, prefiro mesmo manter a banca de solteira, porque
comigo mesmo não tem falsidade, não tem disse me disse, não tem arrependimento
e nem falsas surpresas. Eu quero pra mim o que for pra ser real, pra ser
inteiro, pra ser intenso. Meias verdades não me interessam. O café meio quente,
pra mim, é frio!
Fotos retiradas do Google/ Vídeo retirado do youtube
Arrasou amiga.. Penso exatamente assim.
ResponderExcluirNa verdade não me incomoda o fato de estar solteira hoje, uma vez que esse status ultimamente tem sido o melhor para mim.
Contudo, esperamos um dia encontrar alguém que realmente faça a diferença, e não qq maluco de 5ª que tem aos montes na rua. Solteira sim, carente nunca! Vamos viver o que há pra viver! ;)
Vamos nos permitir...rsss
ResponderExcluirOla Debora,adorei seu blog....adorei!!!
ResponderExcluirDeixo beijo e o link la do meu cantinho ,ficarei muito feliz com sua visita!!
http://possodizeroqueeuacho.blogspot.it/
Parabéns Déborah!
ResponderExcluirExcelente reflexão. Concordo com cada palavra, principalmente com "hipocrisia". Essa é a melhor definição para essa falsa sensação de que podemos ser completamente felizes sozinhos e essa é palavra que define esse tipo de raciocínio. Só pensa assim quem nunca amou de verdade, se entregou completamente, fez parte de outra pessoa e sentiu outra pessoa fazer parte de si.
Li alguns outros posts seus, e incrivelmente me sinto neles... quem foi quem lhe contou minha história??? rsrs
"Como dois desconhecidos" e "Que Deus te proteja de ti" caíram como uma luva! Parece que fui eu que escrevi! - reconheço que não escreveria tão bem como você, mas o roteiro é exatamente o mesmo, exceto pelo fato de que o meu durou 11 anos.
Fiquei emocionado. Chegou a doer, mas ao mesmo tempo senti um alívio, uma esperança de um dia perder o medo de compartilhar sonhos e planos novamente. Muito bom saber que não sou o único a pensar dessa maneira, o único a valorizar os sentimentos e atitudes descritos por você. Ainda não li todos os posts, pois quero guardar um pouquinho dessas emoções para os próximos dias.