segunda-feira, 7 de abril de 2014

SE É PRA SOFRER, É MELHOR QUE SEJA EM PARIS

Quando fiz 30 anos, eu tomei uma decisão que já vinha me perturbando por dentro há algum tempo: “Quero ser coerente comigo mesma.” E dali em diante tem sido um caminho difícil, penoso, dolorido, mas de muito crescimento, amadurecimento e conhecimento pessoal.

Aos 20 eu era absurdamente impulsiva, explosiva. A sinceridade sempre foi presente, meu melhor defeito e minha maior qualidade, mas eu a cuspia ao mundo, queria retorno, queria espelho. Queria que as pessoas correspondessem exatamente ao que eu oferecia e, quando não acontecia, soltava fogo como um vulcão em erupção. Mas eu mesma quem absorvia as larvas do meu próprio vulcão, sem nem ao menos me dar conta.
Eu gritava, batia, esbravejava e sofria. Era somente eu comigo mesma exigindo do outro algo que não era dele. E num processo de profunda interiorização enfim descobri: eu não brigava com eles, eu brigava sempre comigo. Seja o que for que me façam, eu permito, eu abro aquele espaço. Então pronto. Não reclama. Ficou bem mais simples assim. Mas bem mais dolorido. Não ter a quem culpar, onde foi parar minha adolescência? Cadê minha mãe? Freud, você sempre me disse que a culpa é dos pais, não?
Não, o padre já me dizia em ato de confissão, eu que não queria ouvir. É minha culpa, minha tão grande culpa. Então, se sou culpada, eu que conserte meus próprios erros. Como? Vou explicar.
É óbvio que o outro como indivíduo tem suas escolhas e age de acordo com seus preceitos e sua índole, não sou o centro do universo. Mas ele faz o que quer, receberá o que emitir. Eu não tenho poder de mudar isso nele, tenho em mim. Então... quando fazem comigo algo que me fere, quando me fazem promessas não cumpridas, quando me enganam, quando riem e usam dos meus sentimentos, eu recolho o que pertence a mim e me recolho também. Não adianta brigar, é preciso agir. Em cima do que me fazem, eu decido como agirei no futuro, mas com aquela pessoa. Não vou descontar em Paulo o que me fez Pedro. Experiências passadas engrandecem a mim, mas não devem ser parâmetro para o tratamento com o outro, com o novo. Cada um tem o direito de construir uma história diferente em mim, eu dou o espaço. Se não corresponde aos meus anseios, sigo meu caminho. Respiro fundo, faço minha oração e vou tentando sempre encontrar a minha paz.
A bagagem que carrego já é pesada por si só, não posso carregar a do outro comigo. Então... eu não brigo, não esbravejo, não cuspo mais. Mas também não esqueço. Não sou boba. Eu mudo minha vida agora com ações, não com palavras. Justo eu que vivo das palavras!
Eu vou ser pra você aquilo que você quiser ser pra mim. Mas não me peça pra ficar ao seu lado quando também não estiver disposto a me acompanhar. Não use palavras levianamente, não tente entrar no meu coração, ele é nobre demais para eu oferecê-lo no feirão. Um conselho que minha mãe sempre me deu, desde nova. “Minha filha, tenha cuidado, o coração da gente é terra que ninguém pisa”. Então eu o preservo ao máximo que consigo.

Se ele sai ferido às vezes? É óbvio que sim! Mas rapidamente eu o reparo com um acolhimento, com um carinho, eu peço ajuda aos meus grandes enfermeiros e amigos. Trato do meu coração hoje como meu maior tesouro. E se tem espaço pra você nele? Bem... isso você pergunta a você mesmo: você tem espaço pra mim ai no seu? Porque se for pra me fazer sofrer, meu amor, eu prefiro sofrer em Paris...


Fotos retiradas do Google / Vídeo do youtube! 

2 comentários:

  1. hahahahahahha seeeeeensacional!
    Muito bom! Me vi em algumas (muitas) frases.
    Essa do coração é terra que ninguém pisa. Acho que ouvi tanto que agora ta lacrado. hahahahahaah
    Adorei. Vamos pra Paris !!!

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    1. Marida, vamos mesmo!!! Estou programando essa viagem e só esperando a cia... bjos

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