Assim
como as flores caem no outono, é preciso perder a fantasia que o verão nos trouxe.
Não se vive de ilusão. A realidade uma hora ou outra vai bater apressada, te
pedindo o pé no chão, te trazendo para o solo, pedindo para você simplesmente
fincar na sua raiz. Só aquilo que realmente é sólido permanece quando os ventos
sopram raivosos, anunciando o inverno vindouro.
Você foi uma fantasia gostosa de
viver, sabe? Daquelas que te fazem duvidar que acordar seja prazeroso. Mas toda
fantasia só é bonita enquanto tem brilho, enquanto existe uma luz. Nas sombras
dos dias gelados, ela se torna amedrontadora, sombria, quase mórbida.
Se eu pudesse prever quando o nosso
baile de máscaras se findaria, talvez eu tivesse alongado aquela nossa conversa
ao telefone, talvez eu tivesse agido mais por impulso, talvez eu tivesse me
permitido viver a personagem que você idealizou, que não existe nem um pouco em
mim. Talvez eu tivesse pego aquele taxi sem avisar. Talvez eu tivesse aparecido
sem roupas na sua porta, camuflada em meu sobretudo preto e meu batom vermelho
sedutor. Talvez tivesse te roubado aquele beijo ou exigido meu abraço. Talvez
eu tivesse enlouquecido mais, talvez, bem... talvez.
Mas eram muitos talvez para pouca
certeza, muitos “ses” para um nada concreto. E eu percebi que era muita ação de
mim, para nenhuma sua. E, meu amor, uma andorinha sozinha não faz nem verão,
que dirá inverno. Eu percebi que doei muito de mim e não era essa a
brincadeira. Percebi que você sem máscaras não era tão belo quanto pensei ser.
Não a beleza física que os olhos são capazes de ver, mas a beleza de dentro,
aquela que só os sensíveis são capazes de distinguir. Porque eu permito um
homem ser tudo o que quiser ser para estar ao meu lado: feio, bonito, gordo,
careca, magro, grosseiro, intelectual, até meio burro, mas covarde não dá pra
ser. Ai já é exigir demais, ou de menos né?
Um homem covarde não tem colhão para
aguentar meu dia-a-dia. Um homem covarde foge sem dizer tchau. Homem covarde
tem medo de mulher, ele fica pra trás. E comigo, sinto muito, homem ou anda do
lado ou é melhor sair correndo lá na frente. Sou mulher demais pra bater no
peito, assumir minhas culpas, fraquezas e inseguranças. Sou mulher pra chorar
alto, de soluçar sabe? É, eu não tenho vergonha disso. Sou mulher demais para
definir meu caminho: certo ou errado, e segui-lo, com a certeza que foi o
caminho que eu escolhi e ponto. Sou mulher demais pra ter que dar palmada em
qualquer moleque mimado. Sou mulher demais e você homem de menos. Uma equação
nada perfeita.
Então, o que me restou foi aceitar
sua partida definitiva, aceitar que o outono me dispa de você, como despiu as
árvores aqui da frente. Na espera de me encher de novas folhas, lindas e
verdinhas na primavera para que eu floresça ao olhos daqueles que realmente
possam desfrutar do meu eu como todo, sem máscaras, sem fantasias, sem sonhos
não realizados, sem nenhuma frustração.
O que me restou foi simplesmente
aceitar me perder por inteiro agora para me reencontrar daqui a pouco, mais pra
frente. Foi abrir mão de você por mim. Foi aceitar você partir sem aquele
adeus, sem qualquer explicação. Porque agora, nada mais faz sentido pra nós
mesmo. Agora não existe nós, sou apenas eu.
Fotos retiradas do Google
Do mais profundo dos sentimentos!!! Só quem sente para entender.
ResponderExcluirLinda!!! Mesmo assim é melhor se permitir sentir do que não sentir. No final, tudo vale a pena!!!
ResponderExcluir"Tudo com o que eu me importo, ME IMPORTA MUITO. Me suga, me leva, me atrai, se funde com tudo o que sou e me consome. Toda. Por inteiro. Sorte minha me doar tanto - e com tal intensidade - e ainda sair viva dessa vida." Fernanda Mello