segunda-feira, 26 de maio de 2014

AS ESTAÇÕES E O AMOR SÃO UMA COISA SÓ, MEU BEM

                Assim como as flores caem no outono, é preciso perder a fantasia que o verão nos trouxe. Não se vive de ilusão. A realidade uma hora ou outra vai bater apressada, te pedindo o pé no chão, te trazendo para o solo, pedindo para você simplesmente fincar na sua raiz. Só aquilo que realmente é sólido permanece quando os ventos sopram raivosos, anunciando o inverno vindouro.

            Você foi uma fantasia gostosa de viver, sabe? Daquelas que te fazem duvidar que acordar seja prazeroso. Mas toda fantasia só é bonita enquanto tem brilho, enquanto existe uma luz. Nas sombras dos dias gelados, ela se torna amedrontadora, sombria, quase mórbida.
            Se eu pudesse prever quando o nosso baile de máscaras se findaria, talvez eu tivesse alongado aquela nossa conversa ao telefone, talvez eu tivesse agido mais por impulso, talvez eu tivesse me permitido viver a personagem que você idealizou, que não existe nem um pouco em mim. Talvez eu tivesse pego aquele taxi sem avisar. Talvez eu tivesse aparecido sem roupas na sua porta, camuflada em meu sobretudo preto e meu batom vermelho sedutor. Talvez tivesse te roubado aquele beijo ou exigido meu abraço. Talvez eu tivesse enlouquecido mais, talvez, bem... talvez.           
Mas eram muitos talvez para pouca certeza, muitos “ses” para um nada concreto. E eu percebi que era muita ação de mim, para nenhuma sua. E, meu amor, uma andorinha sozinha não faz nem verão, que dirá inverno. Eu percebi que doei muito de mim e não era essa a brincadeira. Percebi que você sem máscaras não era tão belo quanto pensei ser. Não a beleza física que os olhos são capazes de ver, mas a beleza de dentro, aquela que só os sensíveis são capazes de distinguir. Porque eu permito um homem ser tudo o que quiser ser para estar ao meu lado: feio, bonito, gordo, careca, magro, grosseiro, intelectual, até meio burro, mas covarde não dá pra ser. Ai já é exigir demais, ou de menos né?

            Um homem covarde não tem colhão para aguentar meu dia-a-dia. Um homem covarde foge sem dizer tchau. Homem covarde tem medo de mulher, ele fica pra trás. E comigo, sinto muito, homem ou anda do lado ou é melhor sair correndo lá na frente. Sou mulher demais pra bater no peito, assumir minhas culpas, fraquezas e inseguranças. Sou mulher pra chorar alto, de soluçar sabe? É, eu não tenho vergonha disso. Sou mulher demais para definir meu caminho: certo ou errado, e segui-lo, com a certeza que foi o caminho que eu escolhi e ponto. Sou mulher demais pra ter que dar palmada em qualquer moleque mimado. Sou mulher demais e você homem de menos. Uma equação nada perfeita.
            Então, o que me restou foi aceitar sua partida definitiva, aceitar que o outono me dispa de você, como despiu as árvores aqui da frente. Na espera de me encher de novas folhas, lindas e verdinhas na primavera para que eu floresça ao olhos daqueles que realmente possam desfrutar do meu eu como todo, sem máscaras, sem fantasias, sem sonhos não realizados, sem nenhuma frustração.
            O que me restou foi simplesmente aceitar me perder por inteiro agora para me reencontrar daqui a pouco, mais pra frente. Foi abrir mão de você por mim. Foi aceitar você partir sem aquele adeus, sem qualquer explicação. Porque agora, nada mais faz sentido pra nós mesmo. Agora não existe nós, sou apenas eu.
           
Fotos retiradas do Google
           


2 comentários:

  1. Do mais profundo dos sentimentos!!! Só quem sente para entender.

    ResponderExcluir
  2. Linda!!! Mesmo assim é melhor se permitir sentir do que não sentir. No final, tudo vale a pena!!!
    "Tudo com o que eu me importo, ME IMPORTA MUITO. Me suga, me leva, me atrai, se funde com tudo o que sou e me consome. Toda. Por inteiro. Sorte minha me doar tanto - e com tal intensidade - e ainda sair viva dessa vida." Fernanda Mello

    ResponderExcluir