sábado, 12 de dezembro de 2015

ERA UMA VEZ UMA GRAVIDEZ

       E se uma princesa não terminasse seu conto dizendo “felizes para sempre” e engravidasse do príncipe? Como seria? Mágico, sublime, apenas um amor incondicional, uma sensação de plenitude. Certamente é o que todas pensam de quando forem engravidar. Mas não, não existe conto de fadas. Do momento do positivo ao parto temos medo, ansiedade, dor, desconforto, mudança brusca na forma do corpo e vários efeitos colaterais psíquicos que não são contados pelas nossas mães ou amigas. Parece que existe um tabu e todas as grávidas precisam ser felizes e realizadas ou serão julgadas e condenadas.

            Mas perai quem disse que ainda assim não somos julgadas? Sim... a todo instante, a todo momento, a qualquer suspiro. Se você é daquelas que enjoa, vomita, sem vida pela manhã, sente sono de não conseguir se controlar o dia todo, vai ser taxada de fresca, morta, vão dizer que é drama porque gravidez não é doença. Você está se fazendo. Não pode ser tanto assim. Ai que drama, você só pode estar curtindo isso.
Mas se você não sente absolutamente nada e passa pelo primeiro trimestre ilesa, é mentirosa ou uma coitada nem vai poder “curtir” a gravidez na plenitude, por que, né? Bom é sentir tudo. Aham... ai você escuta das não-grávidas: eu quero sentir tudo e tenho certeza que não vou parar minha vida pra isso, vou ser super ativa. Quando a frase vem de uma ingenuidade meramente ignorante, você até releva. Já estive nesse lugar, é muito fácil fantasiar ou teorizar. Mas quando vem de alguém que já passou por isso? Um simples: ah, eu não me rendi assim não, você tem que reagir. Cheio de rancor, cheio de revanchismo. Definitivamente as mulheres precisam ser mais tolerantes com elas mesmas. É preciso ter mais compaixão do que somos e pelo que passamos. Precisamos de sororidade real.
Mas não fique constrangida ou decepcionada aqui, acredite em mim, piora depois do primeiro trimestre. A competição existe até entre as não grávidas de quando teoricamente engravidarem. As grávidas então... comparam tamanho de barriga, quanto engordaram, manchas, estrias, celulites e peitos. Ih, coitada, seu peito vai ficar caído hein?! Ah, mas ai de você se sucumbir ao bullying e entristecer ou verbalizar o medo de essas mudanças serem permanentes. Meu Deus, quanta insensibilidade, como você é fútil. Preocupada com o corpo com um bebê que você já tem que amar mais que tudo dentro da sua barriga? Sim, aquele parasitinha que começa a crescer demais e pressionar seu diafragma, começa a apertar todos os seus órgãos, comer você por dentro como um vampirinho, que você nunca viu a forma, você precisa amá-lo com toda sua força ou será seriamente encarada por todos como sem coração, fria, doente ou até psicopata. Como se o amor não fosse construído aos poucos e essa não fosse a maior magia do verdadeiro amor. A descoberta do outro a cada dia, um novo modo de admirar. Não, tá maluca? Filho é amor quando se descobre. Não ouse dizer que não ficou feliz quando deu positivo. Vai passar pra criança isso e trará traumas para toda vida. Uma pobre vítima do seu egoísmo já ali. O verdadeiro condenado está dentro de você e quem condenou? Sua frieza e falta de amor. Você não é mais individuo, é propriedade pública do julgamento alheio.

Você entra para grupos de mães com vontade de se identificar, de ser abraçada, entendida, aceita. Recebe várias criticas quanto às suas decisões. Parto normal? Você é maluca, muita dor. Cesárea? Você sabia que seu corpo sabe parir e foi feito pra isso? Parto natural? Ai você é bicho? Índio? Parto por plano? Ah... você quer ser enganada, sofrer violência obstétrica? Não diga que não avisei. Amamentar com bico de silicone? Leite Artificial? Chupeta? Meu Deus, como você é péssima mãe. Como Deus te escolheu para gerar um ser tão puro? Mas calma, você dá conta. Ai você recorre às suas amigas, tudo bem, elas não têm filhos, mas você não deve ter mudado tanto assim.
O que? Quem são essas pessoas cruéis? Você não consegue acompanhar mais a rotina de acontecimentos delas e elas simplesmente param de contar as coisas pra você. Ah, você tá chata, só fala dessa barriga mesmo, dos gases, das dores, do incomodo pra andar, do berço que ainda não montou. Você nem se esforça mais pra ir a um happy hour ou ficar duas horinhas apenas sentada naquela poltrona desconfortável do cinema. Tudo pra você são esses hormônios, bela desculpa! Não é desculpa pra tudo não, tá?!
Ai você se vê sozinha, ainda não mãe e nunca mais sem ser mãe. Não tem muito espaço pra você no mundo antigo e o novo ainda não se abriu por completo. Existe uma filha, uma amiga, uma namorada, uma jovem que não quer morrer. Mas as pessoas que cuidavam dela já não querem e não aceitam mais, ela precisa ir para a nova mãe assumir. Tudo está mexido, tudo está confuso, mas pela primeira vez existe uma força e um poder de decisão dentro de você que julgamento nenhum enfraquece. Sim, está nascendo uma mãe e a vida do seu filho ou filha dependerá de você e nada do que disserem, palpitarem, julgarem, maldizerem mudará essa força, essa decisão, esse poder. Nasce um bebê, nasce uma mãe. A melhor mãe que seu filho ou filha precisa. Mas isso fica pra outro post. Por agora... esperemos o nosso momento e sejamos mais tolerantes com nossas grávidas cheias de hormônios, dúvidas, medos, lutos e receios. Mas também repletas de força e idealismo. Amemos e abracemos mais nossas barrigudinhas. O seu julgamento é o que ela menos precisa. Uma dica: basta um abraço e aquele chocolate!



 Fotos retiradas do Google

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

LEALDADE OU FIDELIDADE?

         A lealdade não é o mesmo que fidelidade, ela vai muito além. É como quando estudamos conjunto, lá na matemática do ensino fundamental: um contém; o outro está contido. A fidelidade está contida na lealdade.

            Ser fiel a alguém é não traí-lo com outra pessoa, exige ação, exige contato, exige movimento. Mas ser leal é respeitar o outro em sua totalidade, é se colocar no lugar do outro em cada ação que se irá executar. É se preocupar com o sentimento, com a recepção que terá no outro. Isso vale para qualquer tipo de relação.
Minhas amizades mais sinceras e duradouras são baseadas na lealdade recíproca. Por que é tão fácil se cobrar do amigo e tão fácil receber, mas quando se trata de relacionamento amoroso tudo se complica? Por que se cobrar a lealdade de um parceiro ou parceira soa como cobrança exagerada, chatice ou algo pejorativo? Não deveríamos dar o mesmo peso e sermos leais ao outro em qualquer relação? Não deveríamos acima de tudo sermos leais com nós mesmos e não aceitarmos nada que seja inferior ao sincero?
Relações baseadas na fidelidade se tornam superficiais, frágeis demais, pois ser fiel é só um tópico do todo. A lealdade não cede espaço à mentira, à enganação, à omissão branda (aquela que a gente inventa pra gente mesmo que é para proteger o outro, quando na verdade estamos apenas expondo nossa mais vil covardia). A lealdade é se jogar sem pára-quedas nos braços do outro. É pular de cabeça sem olhar antes se a piscina está cheia ou vazia. É entrega, é confiança. Ser leal é abrir sua vida para o outro sem medo, na certeza que a exposição das suas mais profundas fraquezas serão amparadas com cuidado.

Um relacionamento que alcança a lealdade se torna indestrutível. Em tudo se confia, em tudo se ampara, a individualidade não fica perdida ao ser leal ao outro. Ela é respeitada, pois foi conquistada sem mentiras, sem enganações. Um diz; o outro respeita, entende, escuta e auxilia. Não há sufocamento em uma relação leal, pois se tem a liberdade todos os dias de se escolher estar ali com a outra pessoa.

Mas a lealdade não se dá a todo mundo, somente àqueles que se mostrarem dispostos a estar com você pela vida, do jeito que for. Por isso, me identifiquei com esse conselho:  “Sempre questione onde sua lealdade está. As pessoas que você confia irão esperar por isso, seus maiores inimigos vão desejar isso, e aqueles que você mais estima, vão, sem falhar, abusar disso.”
Tome cuidado com quem segura seu coração, ele é um órgão nobre demais!


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

RECOMEÇO, MATURIDADE E GRATIDÃO

        Um relacionamento que se finda traz consigo muitas dores, mágoas, receios. É preciso respeitar cada etapa do luto. A raiva é um processo necessário, afinal, um lado se preparou para o término, o outro simplesmente o teve que aceitar de maneira abrupta, repentina. Um dia se tinham os planos: o casamento do amigo na semana que vem, o aniversário da sogra, um apartamento para olhar, o nome dos futuros filhos; no outro foi preciso guardar cada plano na caixinha.

            Alguns relacionamentos dão indícios do fim, mas, assim como um parente querido que temos internado em estado grave no hospital, esperamos com toda fé que ele se reestabeleça. Quando isso não ocorre, a dor não é mais branda pelo simples fato de ter sido prevista. Por isso, é preciso acolher com carinho essa parte frágil de você que sofre antes de se aventurar em um novo romance. O desespero em preencher um vazio pode trazer uma ressaca maior que o simples porre da decepção.
            Todavia, é preciso ser cuidadoso com o tempo. Deixar a raiva se estender demais pode trazer amargura, pode te colocar em um abismo imaginário e viciante e, sair dele será ainda mais penoso do que ter entrado. É preciso reconhecer o quão grandioso aquele ex foi para seu aprendizado. É preciso ser grata e deixar seguir em frente.
            Um novo amor aparece para quem tem gratidão. Gratidão e sabedoria em não se deixar envenenar pelos erros dos outros, não se deixar ferir demais ao ponto de perder a sensibilidade. Nunca se culpe ou tema se entregar. É uma dádiva divina depositar amor naquilo que nunca lhe será 100% seguro. Para dar certo, você precisará dedicar-se 100% de você. Mesmo que isso traga outro tipo de frustração. Quem pode prever realmente o cara certo pra você? Nem mesmo ele, nem mesmo você. Mas aquele que se doa com a verdade, com a cumplicidade, com o respeito, com o amor, faz a sua parte para dar certo.

            E se o outro não o fizer? Bom, ai já não é uma questão com você. Você fez a sua parte e continuará fazendo sem se importar com o outro, mas por você. Porque uma hora ou outra alguém também cansado de se doar, mas esperançoso aparece no seu caminho e, os dois juntos, traçarão os rumos de um novo conto de fadas. Porque cada relacionamento tem sua maneira de se sustentar, de se alimentar, de crescer, mas se existe uma única fórmula, eu acredito ser o comprometimento com a verdade. Onde há verdade, haverá amor, cumplicidade, respeito e compreensão, alicerces de toda história a dois duradoura.

            Então, minha amiga, continue a tentar.... continue a olhar pro lado. Se permita ser olhada, admirada. Seja sempre você, dê sempre o melhor de você e agradeça por cada caminho que passar, com certeza já foi melhor que ontem. Agradeça pelo aprendizado, pelas alegrias vividas, pelas dores necessárias e se permita a acreditar no novo. Faça acontecer e tudo valerá a pena!

            No final você verá que ninguém perde por ser sincero, amoroso e amorável. Perde quem no seu caminho perdeu esse dom. Ame, ame muito porque você merece! E, parafraseando minha escritora predileta, encerro esse texto com seu dizer mais afável: “Desejo a todos boas noticias!” 

Fotos retiradas do Google

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SER HOMEM NÃO É APENAS TER UM SACO PRA COÇAR E CUSPIR NO CHÃO, OK?

          Estou perplexa como o nível de educação dos moços anda caído. E não me refiro ao fato de abrir porta, permitir passagem, dizer bom dia pro porteiro ou coisas assim não. Isso é cavalheirismo e nem tem espaço para se exigir tanto do jeito que tudo anda. Estou falando de educação básica mesmo, berço, valores, respeito. O que está acontecendo, minha gente?

            Não estou aqui para levantar bandeira feminista e nem abraçar teorias machistas. Não acho que suas digníssimas mães têm culpa no cartório ou que as mulheres que não se colocam com o devido valor, fazendo vocês agirem assim para se adaptar à nova liberdade feminina. Estou pouco me lixando na verdade pra desculpa esfarrapada que você vai dar por ser grosso, estúpido, sem estirpe, sem educação, um verdadeiro animal de rabo. Isso você analisa com seus amigos no boteco entre um arroto e outro.
            Estou aqui para dizer em letras garrafais, ALTO LÁ, PORQUE EU NÃO SOU SUAS NEGAS. Estou cansada mesmo de homem arrogante, sem estudo, sem um pingo de intelecto vir tirar banca pra cima de mim, com o nariz em pé, se achando a última coca-cola gelada do deserto só porque tem mulher demais querendo. Meu amor, eu não sei o nível de fêmea com que você realmente se relaciona, mas posso te contar? Ser mulher vai muito além disso e eu realmente não preciso de você nem do seu pinto pra nada. Não tenho que agradecer aos céus por você ter tirado uns minutos do seu valioso tempo para vir me ver, vir falar comigo. Você não é Alá e nem está numa Meca para que eu reverencie sua presença. Abaixe seu tom e me escute aqui.
            Fui criada para ser amada, para ser cortejada, para ser paparicada. Se você não consegue, tudo bem. Mas eu também fui criada com total consideração, educação, limites e um berço. Meus pais me ensinaram a respeitar o outro pelo que ele é. Me ensinaram a tratar o outro com um mínimo de educação. Não sou obrigada a gostar de ninguém, mas sou obrigada sim a ser cortês. Sou obrigada a dar ao outro o que eu simplesmente gostaria de receber.

            Quando você vier falar comigo, eu não quero saber quem seu pai, sua mãe, seu tio, seu irmão é. Eu não quero saber qual o carro você tem, por qual vai trocar, quanto de imposto você paga pro Governo. Sinto em informar, mas não trabalho no IBGE e muito menos na Receita. Então, enfia toda a sua pompa no seu rabo e dê meia volta. Eu quero saber sim, o que você faz? Em que se formou? Em que consiste seu trabalho atual, porque é nele que você gasta a maior parte do seu dia. Se está feliz? Se já alcançou o patamar almejado, se deseja mudanças, o que pretende fazer do futuro? Gostaria de estudar mais, mudar de área? Abrir o próprio negócio? O que você faz nas horas de lazer, com o que de fato se diverte? Eu quero saber sim quem é você, mas não o que você tem. Eu quero que você se interesse pelo que eu penso, pelo que quero, pelo o que espero. Sinto em decepcionar, mas eu sou uma pessoa politizada, eu gosto de falar de política. Leio muito e palpito sobre qualquer coisa. Gosto de assuntos novos também e aprender com você alguma coisa seria demais.
            Basicamente é disso que é feito um primeiro encontro ou uma primeira abordagem: em se conhecer. Se encaixar, for tudo bacana, é óbvio que podem rolar uns beijos, uns carinhos e uma troca de telefone. Algo além é melhor não esperar de mim e não porque sou pudica, mas porque me preservo. Não durmo com caras que desaparecem no dia seguinte, nem aqueles que deixam gorjeta na cabeceira. Nada contra, só não gosto entende? Gosto de me sentir respeitada de todas as maneiras. Gosto de ser tratada como eu lhe trato.
            Se pra você isso é pedir muito. Você gosta de garantias, de sair com o jantar definido. Não gosta de ter trabalho, tudo bem! Eu entendo. Mas então me respeita e se retire com delicadeza. Seja sincero, cortês e vá atrás do seu objetivo, nada contra. Só não precisa inventar desculpas de moleque e nem sair correndo fazendo grosserias. Eu simplesmente NÃO SOU OBRIGADA! Vai lá pagar com Visa-Vale umas bebidinhas pras suas prediletas e sair com a noite garantida. Só não vem depois com o discurso de que mulher é interesseira, quando na verdade é você que gosta apenas de garantir uma refeição barata. Seja honesto com você e me poupe desse discurso vil e já tão batido. Assuma o que você quer e vá ser feliz. Agora, por favor, me respeite. Não custa nada repetir: EU NÃO SOU SUAS NEGAS!

Fotos retiradas do Google


            

segunda-feira, 26 de maio de 2014

AS ESTAÇÕES E O AMOR SÃO UMA COISA SÓ, MEU BEM

                Assim como as flores caem no outono, é preciso perder a fantasia que o verão nos trouxe. Não se vive de ilusão. A realidade uma hora ou outra vai bater apressada, te pedindo o pé no chão, te trazendo para o solo, pedindo para você simplesmente fincar na sua raiz. Só aquilo que realmente é sólido permanece quando os ventos sopram raivosos, anunciando o inverno vindouro.

            Você foi uma fantasia gostosa de viver, sabe? Daquelas que te fazem duvidar que acordar seja prazeroso. Mas toda fantasia só é bonita enquanto tem brilho, enquanto existe uma luz. Nas sombras dos dias gelados, ela se torna amedrontadora, sombria, quase mórbida.
            Se eu pudesse prever quando o nosso baile de máscaras se findaria, talvez eu tivesse alongado aquela nossa conversa ao telefone, talvez eu tivesse agido mais por impulso, talvez eu tivesse me permitido viver a personagem que você idealizou, que não existe nem um pouco em mim. Talvez eu tivesse pego aquele taxi sem avisar. Talvez eu tivesse aparecido sem roupas na sua porta, camuflada em meu sobretudo preto e meu batom vermelho sedutor. Talvez tivesse te roubado aquele beijo ou exigido meu abraço. Talvez eu tivesse enlouquecido mais, talvez, bem... talvez.           
Mas eram muitos talvez para pouca certeza, muitos “ses” para um nada concreto. E eu percebi que era muita ação de mim, para nenhuma sua. E, meu amor, uma andorinha sozinha não faz nem verão, que dirá inverno. Eu percebi que doei muito de mim e não era essa a brincadeira. Percebi que você sem máscaras não era tão belo quanto pensei ser. Não a beleza física que os olhos são capazes de ver, mas a beleza de dentro, aquela que só os sensíveis são capazes de distinguir. Porque eu permito um homem ser tudo o que quiser ser para estar ao meu lado: feio, bonito, gordo, careca, magro, grosseiro, intelectual, até meio burro, mas covarde não dá pra ser. Ai já é exigir demais, ou de menos né?

            Um homem covarde não tem colhão para aguentar meu dia-a-dia. Um homem covarde foge sem dizer tchau. Homem covarde tem medo de mulher, ele fica pra trás. E comigo, sinto muito, homem ou anda do lado ou é melhor sair correndo lá na frente. Sou mulher demais pra bater no peito, assumir minhas culpas, fraquezas e inseguranças. Sou mulher pra chorar alto, de soluçar sabe? É, eu não tenho vergonha disso. Sou mulher demais para definir meu caminho: certo ou errado, e segui-lo, com a certeza que foi o caminho que eu escolhi e ponto. Sou mulher demais pra ter que dar palmada em qualquer moleque mimado. Sou mulher demais e você homem de menos. Uma equação nada perfeita.
            Então, o que me restou foi aceitar sua partida definitiva, aceitar que o outono me dispa de você, como despiu as árvores aqui da frente. Na espera de me encher de novas folhas, lindas e verdinhas na primavera para que eu floresça ao olhos daqueles que realmente possam desfrutar do meu eu como todo, sem máscaras, sem fantasias, sem sonhos não realizados, sem nenhuma frustração.
            O que me restou foi simplesmente aceitar me perder por inteiro agora para me reencontrar daqui a pouco, mais pra frente. Foi abrir mão de você por mim. Foi aceitar você partir sem aquele adeus, sem qualquer explicação. Porque agora, nada mais faz sentido pra nós mesmo. Agora não existe nós, sou apenas eu.
           
Fotos retiradas do Google
           


segunda-feira, 7 de abril de 2014

SE É PRA SOFRER, É MELHOR QUE SEJA EM PARIS

Quando fiz 30 anos, eu tomei uma decisão que já vinha me perturbando por dentro há algum tempo: “Quero ser coerente comigo mesma.” E dali em diante tem sido um caminho difícil, penoso, dolorido, mas de muito crescimento, amadurecimento e conhecimento pessoal.

Aos 20 eu era absurdamente impulsiva, explosiva. A sinceridade sempre foi presente, meu melhor defeito e minha maior qualidade, mas eu a cuspia ao mundo, queria retorno, queria espelho. Queria que as pessoas correspondessem exatamente ao que eu oferecia e, quando não acontecia, soltava fogo como um vulcão em erupção. Mas eu mesma quem absorvia as larvas do meu próprio vulcão, sem nem ao menos me dar conta.
Eu gritava, batia, esbravejava e sofria. Era somente eu comigo mesma exigindo do outro algo que não era dele. E num processo de profunda interiorização enfim descobri: eu não brigava com eles, eu brigava sempre comigo. Seja o que for que me façam, eu permito, eu abro aquele espaço. Então pronto. Não reclama. Ficou bem mais simples assim. Mas bem mais dolorido. Não ter a quem culpar, onde foi parar minha adolescência? Cadê minha mãe? Freud, você sempre me disse que a culpa é dos pais, não?
Não, o padre já me dizia em ato de confissão, eu que não queria ouvir. É minha culpa, minha tão grande culpa. Então, se sou culpada, eu que conserte meus próprios erros. Como? Vou explicar.
É óbvio que o outro como indivíduo tem suas escolhas e age de acordo com seus preceitos e sua índole, não sou o centro do universo. Mas ele faz o que quer, receberá o que emitir. Eu não tenho poder de mudar isso nele, tenho em mim. Então... quando fazem comigo algo que me fere, quando me fazem promessas não cumpridas, quando me enganam, quando riem e usam dos meus sentimentos, eu recolho o que pertence a mim e me recolho também. Não adianta brigar, é preciso agir. Em cima do que me fazem, eu decido como agirei no futuro, mas com aquela pessoa. Não vou descontar em Paulo o que me fez Pedro. Experiências passadas engrandecem a mim, mas não devem ser parâmetro para o tratamento com o outro, com o novo. Cada um tem o direito de construir uma história diferente em mim, eu dou o espaço. Se não corresponde aos meus anseios, sigo meu caminho. Respiro fundo, faço minha oração e vou tentando sempre encontrar a minha paz.
A bagagem que carrego já é pesada por si só, não posso carregar a do outro comigo. Então... eu não brigo, não esbravejo, não cuspo mais. Mas também não esqueço. Não sou boba. Eu mudo minha vida agora com ações, não com palavras. Justo eu que vivo das palavras!
Eu vou ser pra você aquilo que você quiser ser pra mim. Mas não me peça pra ficar ao seu lado quando também não estiver disposto a me acompanhar. Não use palavras levianamente, não tente entrar no meu coração, ele é nobre demais para eu oferecê-lo no feirão. Um conselho que minha mãe sempre me deu, desde nova. “Minha filha, tenha cuidado, o coração da gente é terra que ninguém pisa”. Então eu o preservo ao máximo que consigo.

Se ele sai ferido às vezes? É óbvio que sim! Mas rapidamente eu o reparo com um acolhimento, com um carinho, eu peço ajuda aos meus grandes enfermeiros e amigos. Trato do meu coração hoje como meu maior tesouro. E se tem espaço pra você nele? Bem... isso você pergunta a você mesmo: você tem espaço pra mim ai no seu? Porque se for pra me fazer sofrer, meu amor, eu prefiro sofrer em Paris...


Fotos retiradas do Google / Vídeo do youtube! 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

TERMINAR O QUE JÁ FOI TERMINADO REQUER TEMPO, VINHO E UM BOM LIVRO

Eles terminaram de um jeito nada convencional. Foi súbito, meio que de supetão. Se bem que se analisar bem de perto, talvez não.

Ela se deu conta que há alguns meses não se beijavam nem ao menos no rosto. Eram apenas estalinhos curtos ao se despedirem.

Ela se deu conta que dormir de conchinha já não o agradava, ele culpava o calor e o sono pesado para “expulsá-la” de seus braços. 
Um dia reclamou do cheiro de cigarro. (Ela tinha fumado pela manhã e escovado os dentes milhões de vezes. E, afinal, ele a conheceu fumando, os amigos fumam, a mãe fuma e se duvidar até o cachorro fuma).
Ele a deixava sozinha com frequência para se divertir com os amigos. No inicio ela se culpou, ficou triste, contestou, tentou buscar explicações para o inexplicável.
Depois ela começou a aproveitar o tempo livre para colocar sua leitura em dia, se exercitar, cuidar dos cabelos, das unhas, da pele. Todo mundo começou a falar o quanto ela estava mais bonita, ele não.

Ela começou a perceber novos olhares, novos assuntos, enquanto ele se divertia sozinho ou a tratava com desdém perto dos amigos. Ela se deu conta que antes discutia, hoje se calava e nem ao menos se importava.
Um dia ela se olhou no espelho e se viu mulher. Se arrumou, sorriu, passou aquele batom vermelho e saiu sozinha. Atraiu a atenção de muitos e se deu conta do quanto isso lhe fazia falta. Ela queria apenas ser cortejada.
Até aquela noite ela ainda supunha gostar dele, se arrumou para ir ao encontro dele, imaginou mil conversas, mil beijos, mil desfechos. Ele colocou um filme, se deitou e dormiu. Ao se ver sozinha naquele quarto, ela olhou pro filme, olhou pra ele, olhou pro filme e apenas disse: Se você não tem coragem de sair da minha vida, tudo bem, eu te empurro. Pegou suas coisas, abriu a porta e saiu.
Chegou a sua casa às duas da manhã. Abriu uma garrafa de vinho, acendeu seu cigarro, sorriu para o cachorro e disse: Esse livro acabou. Chegou a hora de começar outro!

Ela ainda está na parte das aventuras, mas sente bem lá no fundo que em breve nascerá um novo romance. Porque ela é assim, ela merece. Já ele? Bom... dele, ela nunca mais teve notícias.


Fotos retiradas do Google