quinta-feira, 2 de junho de 2011

O PRECONCEITO COMEÇA ONDE? NO OUTRO OU EM NÓS?

O que vou dizer pode chocar alguns, e talvez até me chocaria se eu lesse isso nas palavras de um outro alguém, mas tenho me assustado um pouco com o excesso das pessoas quando o assunto está relacionado ao feminismo e preconceitos. Parece que virou uma modinha, uma febre entre os demais se exaltar a todo custo. É preciso sempre se mostrar adepto ao movimento, senão pode ser considerado racista, machista, misógino, pode-se ficar de fora do grupinho.
Não entendam mal, tenho personalidade forte, não aceito ser dominada e defendo minhas convicções e meus direitos. Aquele que me conhece, por pouco que seja, sabe que não sou de fazer gêneros para agradar, isto vale de família a pretendentes. Sou aquilo que transpareço ser e me defendo como tal. Acho justa a bandeira levantada contra o preconceito. É ridícula a rotulação, a superficialidade de se julgar alguém por sua cor, raça, situação social, orientação sexual ou até mesmo por seu gênero.
É verdade sim que mulheres conquistaram o direito de votar, de trabalhar, de rasgar sutiã e usar cinta-liga, mas estamos longe de sermos aceitas e admiradas pelo o que quisermos ser, sem sermos taxadas ou rotuladas. A luta ainda é árdua e não estamos próximas do fim. Mas daí, a empunhar a arma para todos que expressam suas opiniões contrárias as nossas, a julgar o outro como preconceituoso e machista só porque sua convicção se difere da nossa, mas não nos ofende, não nos agride... ai já me cheira como extremismo.
Não sinto tanto em mim o peso da solteirice em meus belos 27 anos, por exemplo (embora minha mãe já fosse casada e tivesse 1 filho nessa idade e minhas avós já deveriam estar no 2º ou 3º rebento), mas ainda sinto narizes torcendo se eu digo que “peguei” um gato, mas só por curtição, uma noite e nada mais, porque ele era um chato. Ainda preciso esconder camisinhas, enquanto meu irmão as tem em qualquer cômodo de casa.
As mudanças e as aceitações estão acontecendo aos poucos. É preciso sim lutar pela igualdade, pelo direito de ser o individuo que se queira ser, independente da condição que se nasça. Mas toda luta trabalha com uma tênue linha entre o idealismo e o fanatismo. E esse é o meu medo. Casamento homoafetivo? Uma vitória, um acerto da justiça em regulamentar uma relação que já existe e é tão legitima quanto o casamento heterossexual. Mas sair por ai gritando eu sou gay, se esfregando em locais públicos e distribuindo glitter? Desnecessário, não é preciso se auto-afirmar o tempo todo para se ter o respeito. Eu não preciso sair gritando que sou hetero e nem me roçar nos “machos” em pleno dia de sol quente para que me aceitem. Por que então fazer do contrário algo legítimo? Lutar para que mulheres tenham o mesmo espaço que os homens profissionalmente e pessoalmente? Mais do que em tempo de isso acontecer, das coisas modificarem, mas daí a fazer marchas das “vadias”, criar encrenca com qualquer comentário de um homem contra um comportamento feminino, já é exagero.
Por exemplo: homens são idiotas, traem, são egoístas, nos tratam como objetos e nos diminuem. Sempre nos referimos a eles assim em uma discussão. São verdades em maioria? Talvez. Mas nós não estamos assim também? Somos muitas vezes idiotas, egoístas,traímos, tratamos homens como objetos, os diminuímos? Creio que sim e com essa “liberdade” então... Estamos piores ainda, porque estamos nos adaptando ao ambiente. Mas se eles falam isso? Ahhh quanto machismo não? Por que usarmos de dois pesos e duas medidas quando o assunto é o outro?
Não defendo aqui continuidade, conformismo e nenhum tipo de comentário maldoso ou dotado de preconceito, seja em qual ocasião for, mas levanto a bandeira aqui do bom-senso, do direito de sermos aquilo que quisermos ser, de expressarmos aquilo que quisermos expressar, sem nos esquecer que a nossa liberdade termina onde a do outro começa. Eu tenho sim o direito de ser o que eu quiser ser, desde que isso não entre e machuque o espaço do outro. Está na hora de pensarmos menos em categorias: preto, branco, amarelo, gay, hetero, homo, homem, mulher e pensarmos mais em sermos indivíduos. Não parece que na luta contra o preconceito se luta para ser igual, parece que se luta para ser superior. E, é ai que vejo o perigo.

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